Conforme falamos diversas vezes por aqui, a Manufatura Avançada (ou Indústria 4.0) vai transformar de forma abrangente toda a esfera produtiva da indústria por meio de suas tecnologias disruptivas. E para ajudar nessa transição, não há nada melhor para as empresas do que contar com o auxílio de um parceiro em potencial: as universidades.
Em um recente estudo, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) defendeu que as instituições de ensino possuem um papel relevante no ecossistema de inovação. De acordo a instituição, apesar de não atuarem diretamente na implementação das tecnologias 4.0, as universidades são fundamentais para o desenvolvimento dos recursos humanos e da ciência básica, relacionando-se de forma estratégica com empresas envolvidas no processo industrial.
Apesar disso, no Brasil, de acordo com dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), menos de 27% dos cientistas trabalham em projetos ligados ao ambiente empresarial, deixando seu trabalho restrito à academia. Já nos Estados Unidos, nação reconhecida por gerar inovações e ser altamente competitiva, 80% dos pesquisadores participam de projetos corporativos.
“O uso da universidade pela indústria é uma forma de desenvolver a tecnologia nacional, o que é fundamental para o desenvolvimento brasileiro. Comprar tecnologia de fora tem um custo muito elevado e, às vezes, não é tão eficiente quanto desenvolver internamente, integrando tecnologias brasileiras. O Brasil tem competência para fazer isso”, explica Eduardo Dias, coordenador do Grupo de Gestão em Automação em TI (Gaesi) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Identificando as demandas da indústria que podem ser atendidas com o apoio das universidades
Para identificar as demandas internas que podem ser atendidas pelas universidades, as indústrias precisam fazer, inicialmente, um levantamento dos processos para ter a ideia do que é feito atualmente no espaço fabril e como irá ficar o procedimento ao usar novas tecnologias. A partir daí, a universidade pode fazer o desenho do uso de tecnologias modernas, agregando-as aos processos produtivos das empresas.
Cabe ressaltar que a escolha da universidade deve ser feita de forma bastante criteriosa, buscando aquelas que tenham uma expertise em tecnologias modernas e contem com centros de pesquisa que as possibilite desenvolver soluções para a indústria.
Dias traz dois exemplos do que pode ser feito, que aliam baixo custo para a indústria e retorno imediato.
“Desenvolvemos para o Ministério da Agricultura um processo novo de fiscalização da carne, o qual é integrado ao Janela Única, da Receita Federal. Criamos uma forma de a documentação necessária para a exportação da carne ser eletrônica, o que agilizava o processo. Outro exemplo é o processo de nota fiscal, programa ligado à Secretaria da Fazenda de São Paulo. Participamos da criação de um sistema arrecadador tributário, que está ajudando a acabar com a sonegação no varejo, por meio de um equipamento que não permite a manipulação humana”, explica.
O que você acha sobre a parceria entre indústria e universidade? Conhece algum exemplo desse tipo de iniciativa? Deixe sua mensagem nos comentários e até a próxima.