É inegável: a internet é essencial no dia-a-dia das indústrias. Se em outros tempos ela não passava de uma rede básica para compartilhamento de informações, hoje ela proporciona muito mais e é indispensável para a execução de diversas tarefas ao longo da operação.

Isso é especialmente válido quando tratamos do avanço da Web3.

Criada em 2017, a Web3 é mais uma evolução da internet como conhecemos hoje, e tem como base o uso da inteligência artificial e do blockchain. Ela se concentra na descentralização, na privacidade e na segurança.

A Web3 tem tudo para revolucionar o setor industrial, com benefícios desde a cadeia de suprimentos até a manutenção de ativos. Mas o que isso quer dizer, na prática?

O que é a Web3?

Ainda novo para o grande público, o termo Web3 representa uma nova fase da internet. Nela, a descentralização se faz presente nas dinâmicas e tecnologias que a compõem, caso da Inteligência Artificial e o Blockchain.

Segundo Ricardo Alan Kardec, coordenador dos Territórios de Inovação do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), a Web3 está intrinsecamente relacionada à visão de uma internet descentralizada. 

A tese da Web3 é que os usuários podem ter mais controle sobre seus dados e participar ativamente na construção e governança de redes. Tudo isso sem a necessidade de estar inscrito em uma plataforma como Google, Meta ou Microsoft”.

Ou seja, as tecnologias associadas à Web3 permitem a criação de aplicações e plataformas que operam de forma autônoma e transparente, sem a necessidade de intermediários centralizados.

Alan Kardec ainda explica que os usuários ganham maior controle sobre seus dados pessoais, utilizando identidades digitais únicas e descentralizadas. “Os usuários decidem como, quando e com quem compartilham suas informações, promovendo a privacidade e a segurança”. 

A contribuição da inteligência artificial no contexto da Web3 pode permitir que os serviços e as aplicações se adaptem às necessidades e preferências individuais, proporcionando uma experiência mais relevante e eficiente. 

É uma evolução da internet em direção a uma estrutura descentralizada”, indica o especialista.

Tecnologias adotadas na Web3

De forma geral, a Web3 trata da modernização da internet, oferecendo aos usuários ferramentas para que eles tenham mais controle sobre seus dados e atividades online. 

Neste contexto, Ricardo Alan Kardec indica algumas das principais tecnologias que compõe a Web3:

Blockchain 

Essa é uma tecnologia de registro distribuído que permite o armazenamento de dados de forma segura e transparente, como base para muitas aplicações descentralizadas (dApps) na Web 3, fornecendo uma estrutura para a criação de contratos inteligentes e sistemas confiáveis de transações financeiras.

Contratos Inteligentes

Nestas tecnologias incluem-se os programas auto executáveis que são armazenados e executados em uma rede blockchain, permitindo a criação de acordos digitais e automatizados, eliminando a necessidade de intermediários em transações online. 

Os contratos inteligentes são fundamentais para aplicativos financeiros descentralizados (DeFi) e para a implementação de lógica empresarial em uma rede descentralizada”, complementa Alan Kardec.

Identidade Digital Descentralizada (DID)

Este é um sistema que permite aos usuários terem o controle de sua própria identidade online.  Com a DID, os usuários podem criar identidades digitais únicas e verificáveis, que podem ser usadas em diferentes aplicativos e serviços na Web 3, eliminando a necessidade de confiar em terceiros com os dados pessoais.

Interoperabilidade

Por ser a capacidade de diferentes redes blockchains e aplicativos descentralizados se comunicarem e interagirem entre si, fundamental para a Web 3, permitindo a troca de informações e ativos entre diferentes sistemas descentralizados, aumentando a eficiência e a utilidade dessas redes.

Armazenamento distribuído 

Na Web 3, o armazenamento de dados é distribuído em vários nós (node) ou dispositivos, em vez de depender de servidores centralizados. “Isso aumenta a segurança e a resistência a falhas, além de permitir que os usuários tenham o controle total sobre seus dados”, complementa o especialista.

Web3 e o ambiente industrial: relação direta e com vários benefícios

Diante de suas características, a Web3 tem o potencial de impactar significativamente a rotina das indústrias, especialmente no que diz respeito à privacidade e segurança dos dados. 

Segundo Alan Kardec, a proposta de descentralização das informações pode aumentar a segurança e a transparência dos processos industriais. “Os registros imutáveis utilizados em blockchain e base da Web3, garante a integridade de todos os dados da indústria”. 

A partir deste ponto, o coordenador dos Territórios de Inovação do Centec salienta que os contratos inteligentes imutáveis podem automatizar muitos aspectos dos processos industriais, desde a cadeia de suprimentos até a manutenção de ativos. 

Os contratos inteligentes, por exemplo, podem automatizar o processo de verificação de qualidade, rastreamento de produtos, registro de garantias e muito mais. Isso pode aumentar a eficiência, reduzir erros e eliminar a necessidade de intermediários”, exemplifica. 

Isso promete uma rastreabilidade aprimorada dos produtos industriais, desde a matéria-prima até o produto final. 

Com o uso de tecnologias como identificadores únicos, é possível rastrear todo o histórico de um produto, incluindo informações sobre a proveniência, condições de armazenamento e transporte, certificações e muito mais. 

Isso pode ser especialmente útil em setores como alimentos, farmacêuticos e manufatura, onde a rastreabilidade é essencial para garantir a qualidade e a conformidade”, complementa.

Tendências de uso da Web3 para o ambiente da indústria

A Web3 é um segmento de mercado que vem recebendo muitos investimentos ao longo dos anos e, mais cedo ou mais tarde, terá implicações cada vez mais recorrentes dentro do cotidiano das indústrias.

Neste contexto, Alan Kardec nos ajuda a elencar algumas tendências promissoras dentro deste contexto, como:

  • Inteligência Artificial (IA) e Aprendizado de Máquina (Machine Learning). Essas são tecnologias que desempenham um papel cada vez mais significativo em diversas áreas, desde assistentes virtuais e chatbots até análise de dados avançada e automação de processos; 
  • Internet das Coisas (IoT). A IoT conecta dispositivos físicos através da internet, impulsionando o surgimento de casas inteligentes, cidades inteligentes, indústria 4.0 e muito mais; 
  • Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR). São tecnologias que estão transformando a forma como interagimos com o mundo digital por meio da gamificação das coisas (jogos), entretenimento, treinamento, educação, design e ambientes virtuais que sobreponham informações digitais ao mundo real; 
  • Redes Blockchain e seus criptoativos ou token economics, que são utilizados em contratos inteligentes, gerenciamento de cadeias de suprimentos, identidade digital, fracionamento de ativos reais, tokens não-fungíveis (NFT), metaverso e criptomoedas; 
  • Computação em Nuvem. Essa tecnologia permite o armazenamento, processamento e acesso a dados e aplicativos pela internet com escalabilidade, flexibilidade e economia de custos para empresas e usuários finais.

Diante dessas tecnologias, a tendência é de crescimento da demanda por profissionais que dominem ferramentas de construção, avaliação e análise de processos baseados em Web3. 

Ou seja, um leque de oportunidades se abrirá no contexto da Web3. Cabe aos gestores e empresários terem os melhores profissionais ao seu lado para implementar essas tecnologias em seus processos.

Aproveite para baixar este material exclusivo e entender o que é blockchain e os principais termos relacionados a este tema.