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A importância das redes elétricas inteligentes para a indústria

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Mais eficiência, menor desperdício. Confira a coluna completa da Fundação CERTI

Novas tecnologias geram novos hábitos que, por sua vez, geram novas demandas. E isso pode ser aplicado ao setor energético.

As redes elétricas inteligentes são um conceito que surge para modernizar a cadeira de geração, transmissão e distribuição e garantir que o sistema seja capaz de atender à nova realidade de pessoas e empresas.

Por meio de tecnologias como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial e digital twins, essas redes prometem trazer muitos benefícios tanto para as companhias do setor quanto para os consumidores, incluindo aqui o segmento industrial, que demanda muita energia.

As redes elétricas inteligentes, ou smart grids, são um dos pilares fundamentais da digitalização do setor elétrico. Basicamente, elas incorporam à cadeia de geração e distribuição de energia diversas tecnologias que possibilitam descentralizar esse mercado e mudar a relação entre os agentes.

Em uma rede inteligente, os equipamentos de transmissão e distribuição são dotados de sensores que coletam e compartilham dados a todo instante. Isso permite às empresas de energia uma maior capacidade de identificação de ocorrências e gerenciamento da potência de acordo com a demanda. Tudo de forma remota e praticamente sem a necessidade de intervenção humana.

O sistema ganha mais eficiência, reduzindo o desperdício de energia e a quantidade de interrupções no serviço.

Além disso, as smart grids tornam a rede mais diversificada e transformam o papel do consumidor. Agora, em vez de apenas consumir energia sem autonomia, empresas e pessoas podem acompanhar e programar seu gasto de eletricidade.

E mais: eles podem atuar na compra e venda de energia entre si. Dessa forma, os consumidores passam não só a ter mais controle sobre o que consomem e a forma que fazem isso, mas também podem se tornar verdadeiras microgeradores de energia, vendendo o excedente do que geram e não consomem – geralmente a partir de painéis solares ou turbinas eólicas.

É o que tem se chamado de “prosumidor”, isto é, a criação de um fluxo bidirecional de geração distribuída, em oposição ao modelo unidirecional vigente. No setor industrial, o potencial para "prosumidores" é muito grande.

No Brasil, as redes elétricas inteligentes vêm sendo implantadas, sobretudo, por meio de projetos pontuais. Um exemplo é o projeto Cidade do Futuro, realizado pela concessionária Cemig, na cidade de Sete Lagoas (MG). Ele tem trazido informações importantes sobre a geração distribuída e a automação da distribuição por meio das smart grids.

Outro caso importante é a cidade de Barueri, em São Paulo. A concessionária local, Eletropaulo, iniciou em 2013 o que foi o primeiro grande teste de redes elétricas inteligentes no Brasil. A iniciativa envolve a instalação de medidas inteligentes para entender o consumo mensal e permitir aos consumidores o acionamento remoto de aparelhos eletrônicos. A ideia é dar mais autonomia e controle às pessoas e empresas.

Outro exemplo de grande destaque é o projeto Urban Futurability, implementado na Vila Olímpia, na cidade de São Paulo, em uma parceria entre a CERTI e a ENEL.

As redes elétricas inteligentes vêm sendo implantadas de forma gradual em diversos lugares do mundo.

Na Austrália, o governo lançou o projeto “Smart Grid, Smart City”. Em parceria com a iniciativa privada, o objetivo é entender os benefícios das redes inteligentes e auxiliar na tomada de decisões tanto do governo, quanto das empresas provedores e dos consumidores. Na China, uma iniciativa estatal estimula a doação de smart grids para reduzir o consumo, aumentar a eficiência e impulsionar a geração de eletricidade a partir de fontes renováveis.

Nos Estados Unidos, o governo investe pesado na modernização da sua rede elétrica. Existem ao menos dois projetos para o desenvolvimento de novos sistemas. Na União Europeia, os 27 países membros têm trabalho para renovar e expandir suas redes de geração, transmissão e distribuição. O principal objetivo é a redução de emissões de gases do efeito estufa a partir do aumento do uso de fontes renováveis.

Outros países como Índia e Japão também tocam iniciativas relacionadas a redes elétricas inteligentes.

Resumindo, as redes elétricas inteligentes têm o potencial para, do lado das concessionárias, reduzir o desperdício de energia ao longo da rede e diminuir o tempo de interrupções; e, do lado dos consumidores, dar maior autonomia e permitir a redução de custos por meio da venda de excedentes produzidos por eles próprios.

Há, ainda, vantagens como: aumenta a confiabilidade do sistema, torna a energia mais acessível, reduz os impactos ambientais, estimula a competitividade do setor e tem capacidade de atender novas demandas.

Trata-se, enfim, de uma área que merece atenção e cada vez mais estudos e o setor industrial, como grande consumidor e potencial “prosumidor”, também precisa estar atento aos próximos passos. 


* Pesquisadora do Centro de Energia Sustentável da Fundação CERTI

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