Juntos, os setores de alimentos e bebidas representam aproximadamente 20% dos trabalhadores da indústria de transformação do Brasil. Trata-se de um mercado atrativo e com alto potencial de crescimento, principalmente diante do fato de a população nacional ser a quinta maior do mundo. Ou seja: gera necessidades e oportunidades de consumo e inovação.
A pandemia causada pela COVID-19 pegou a todos de surpresa, Governo, indústria e sociedade, e seu enfrentamento tem exigido empenho e responsabilidades compartilhadas dentro da indústria de alimentos e bebidas.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, ainda que a indústria de alimentos e bebidas, assim como tantas outras, esteja tendo que lidar com os impactos negativos da pandemia, a produção não pode parar, principalmente por ser uma atividade essencial.
Neste cenário muito desafiador, a indústria brasileira de alimentos e bebidas vem se saindo bem, com crescimento em faturamento e em produção física na comparação em relação ao mesmo período do ano passado.
Por isso, vale observar os dados relacionados à indústria de alimentos e bebidas e entender quais são as ações adotadas para que o setor tenha um 2021 de crescimento.
Indústria de alimentos e bebidas em plena pandemia
Em meio à continuidade da transição para a indústria 4.0, o setor de alimentos e bebidas continuou seu investimento em transformação digital, mas teve que buscar novas formas de otimizar sua produção em meio a uma das maiores crises da história.
Por isso, vale conferir alguns dados importantes sobre a indústria de alimentos e bebidas no Brasil no ano de 2020.
1. Faturamento e produção física
No primeiro semestre de 2020, a indústria brasileira de alimentos e bebidas registrou crescimento de 0,8% em faturamento, e de 2,7% em produção física na comparação em relação ao mesmo período do ano passado.
Os setores que mais se destacaram em volume de produção foram açúcar (+22,6%), óleos vegetais (+3,9%) e carnes (+1,9%). Já o canal food service (restaurantes, bares, lanchonetes, serviços de alimentação nos hotéis, navios e aviões e lojas de conveniência) registrou queda de 29,5% nas vendas.
Segundo a associação, os resultados se devem à expansão das exportações e ao desempenho do varejo alimentar no mercado interno, já que o aumento do consumo das famílias dentro de casa, em detrimento ao consumo em restaurantes, foi um dos efeitos da pandemia do novo coronavírus.
2. Emprego
De acordo com levantamento da ABIA, o setor foi responsável pela criação de oito mil vagas de empregos entre janeiro e abril de 2020 – as contratações cresceram 0,5% em relação ao mesmo período de 2019.
Segundo a associação, o aumento dos postos de trabalho é reflexo da expansão da produção e da necessidade de contratação para compensar o afastamento temporário de trabalhadores pertencentes a grupos de risco para a COVID-19.
3. Agronegócio
Anualmente, a indústria de alimentos processa 58% de toda a produção agropecuária brasileira. Assim, a participação das aquisições de matérias-primas pela indústria de alimentos e bebidas se mantém nos mesmos patamares, sendo Proteínas Animais 100%, seguido da Cadeia de Trigo e Cadeia do Arroz,95%.
4. Exportações
Segundo a pesquisa conjuntural, as exportações de alimentos industrializados no primeiro semestre de 2020 totalizaram US$ 17,6 bilhões, o que representa um crescimento de 12,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os produtos mais vendidos foram carnes (+11,9%); óleos e gorduras (+30%); e açúcares (+48%). Ásia, Europa e Países Árabes foram os principais destinos, com destaque para a China.
Com isso, o saldo comercial positivo no semestre foi de US$ 15,3 bilhões, 15,9% a mais do que no mesmo período do ano passado.
A pandemia exigiu muita estratégia e rapidez da indústria de alimentos e bebidas
Os números acima apresentados, mesmo referentes ao primeiro semestre de 2020, mostram que a indústria de alimentos e bebidas vem se saindo relativamente bem da crise. Um bom exemplo é a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR).
Segundo Alexandre Jobim, Presidente da Associação, o atual cenário tem exigido empenho e responsabilidades compartilhadas, principalmente em relação aos protocolos de higienização na indústria:
“Para garantir o abastecimento dos supermercados e estabelecimentos em todo o país para que nada faltasse à população, com estratégia e rapidez as indústrias de bebidas não alcoólicas adequaram seus planejamentos, estabeleceram protocolos e focaram na logística de distribuição de seus produtos”.
O presidente da ABIR explica que a preocupação e a adaptação envolveram toda a cadeia produtiva, desde o desafio para garantir os insumos para a produção ao cuidado com cada um dos funcionários das fábricas, sem contar o apoio e reforço na distribuição e equipe de comercialização:
“As 70 associadas da ABIR, pequenas, médias e grandes fabricantes de bebidas não alcoólicas não têm medido esforços no sentido de adaptar os seus processos internos desde o início da pandemia, em atendimento às recomendações dos órgãos competentes”.
Além do mais, mesmo em meio à crise, a indústria nunca deixou de investir na diversificação do seu portfólio, no atendimento às mais diversas demandas do consumidor, bem como continuou gerando empregos – essencial no aquecimento da economia do país.
O que o setor pode esperar para 2021?
Toda crise gera a necessidade de um novo olhar, de otimizações, de aprimoramentos e reflexões. Apesar de as estimativas indicarem um déficit de 30% a 40% do segmento no varejo durante o auge da pandemia, a flexibilidade do isolamento social permitiu uma gradual recuperação do setor, com expectativas indicando um 2021 positivo.
“Acreditamos que a união dos esforços será determinante para nos levar a vencer essa doença e a indústria de alimentos e bebidas não alcoólicas brasileira se orgulha de fazer parte deste movimento em prol da solução desta crise”, indica Alexandre Jobim.
Mas para que as expectativas se confirmem, alguns são os pontos que exigirão maior atenção de gestores da indústria de alimentos e bebidas. Num primeiro momento, é preciso dar continuidade à automação de processos e indústria 4.0, que já vem acontecendo há alguns anos.
Também é importante promover um investimento mais intenso em transparência e segurança, ajudando as empresas a conquistarem a confiança de consumidores.
Por fim, tanto a rastreabilidade de produtos quanto a sustentabilidade são fatores que tendem a ganhar ainda mais importância com o tão esperado fim da pandemia – já que tais fatores trazem mais segurança à produção e são cada vez mais procurados pelo consumidor mais preocupado com o próximo.
“Para 2021, continuamos engajados e atentos à evolução do cenário da pandemia no Brasil, contribuindo sempre para que em breve possamos todos receber boas notícias”, finaliza o presidente da ABIR.