Os indicadores ESG para a indústria metalmecânica deixaram de ser apenas uma exigência de relatórios corporativos para se tornarem vitais na manutenção de contratos com grandes montadoras e players globais.

O cenário atual exige ação: segundo uma pesquisa recente da CNI, 7 em cada 10 empresas brasileiras adotam alguma prática de ESG, buscando mitigar riscos e atrair investimentos. No entanto, para o setor de transformação de metais, o desafio vai além da teoria; é preciso medir o impacto real na produção.

Neste artigo, abordaremos as melhores práticas ESG para a indústria, detalhando quais KPIs (Indicadores-Chave de Desempenho) monitorar para garantir uma operação sustentável, segura e transparente.

Por que a indústria metalmecânica precisa de indicadores específicos?

Não se pode gerenciar o que não se mede, e as métricas genéricas de sustentabilidade raramente refletem a realidade de uma planta industrial. Diferente de setores de serviços, a metalmecânica lida com transformação física intensa, alto consumo energético e riscos operacionais elevados.

Adotar indicadores específicos permite identificar gargalos produtivos, como o desperdício de matéria-prima ou a ineficiência de fornos. Isso transforma o ESG de um “centro de custos” para uma ferramenta estratégica de eficiência e valorização da marca.

Saiba mais: A importância dos indicadores e métricas ESG para as indústrias

Pilar ambiental (E) com foco em eficiência e gestão de recursos

Os 4 indicadores ambientais essenciais para o setor giram em torno de energia, emissões, resíduos e água. O foco aqui deve ser a gestão eficiente de recursos e a redução de impactos típicos da metalurgia e usinagem.

Gestão de energia e emissões

O consumo energético é, frequentemente, o segundo maior custo de uma fábrica, perdendo apenas para a matéria-prima. Monitorar a eficiência de equipamentos como tornos CNC, centros de usinagem e fornos de tratamento térmico é mandatório.

Para ter precisão nas métricas de carbono para a indústria, recomenda-se o uso de indicadores de intensidade. Em vez de olhar apenas o consumo total, avalie a Intensidade Energética:

Além disso, o cálculo das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) deve considerar a queima de combustíveis nos fornos (Escopo 1) e a eletricidade comprada (Escopo 2), visando a transição para fontes renováveis na matriz da planta.

Economia Circular no tratamento de sucata e resíduos

Na metalmecânica, sucata não é lixo; é receita. A economia circular já é nativa do setor, mas precisa ser mensurada para compor os relatórios de sustentabilidade. Um indicador crucial é a Taxa de Desvio de Aterro (Landfill Diversion Rate).

Este KPI mede a porcentagem de resíduos (metálicos e não metálicos) que deixam de ir para aterros sanitários. Outro ponto de atenção é a porcentagem de material reciclado ou sucata ferrosa reintroduzida no início do processo produtivo.

Gestão hídrica e fluidos de corte

A água é um insumo crítico, especialmente em sistemas de resfriamento e lavagem de peças. No entanto, o grande desafio ambiental da usinagem é o gerenciamento de óleos solúveis e fluidos de corte.

As fábricas devem monitorar o volume de efluentes gerados por unidade produzida (m³/tonelada). Práticas avançadas incluem o uso de sistemas de filtragem e centrifugação para estender a vida útil desses fluidos, reduzindo a necessidade de descarte e a compra de novos químicos.

Veja também: O papel da liderança na implementação de ações ESG 

Pilar Social (S) com foco em segurança e qualificação no chão de fábrica

O pilar social na indústria é sinônimo de gente segura e capacitada. Os indicadores devem refletir o cuidado com a integridade física dos operadores e o desenvolvimento técnico da equipe.

Saúde e Segurança (SST) como prioridade zero

Segurança do trabalho é inegociável. Além dos clássicos Taxa de Frequência de Acidentes (TFA) e Taxa de Gravidade (TGA), a indústria metalmecânica deve monitorar riscos invisíveis e de longo prazo.

Um indicador específico e vital é o Índice de Exposição a Riscos Químicos e Físicos, com foco especial em ruídos e fumos metálicos provenientes de soldagem e fundição. Planos de mitigação e EPIs adequados devem ser auditados constantemente através destes números.

Retenção de talentos técnicos e diversidade

O setor enfrenta um apagão de mão de obra qualificada. Perder um operador de CNC sênior ou um soldador especializado custa caro. Por isso, monitore as horas de treinamento técnico por colaborador.

Investir na qualificação contínua reduz o turnover em posições críticas. Além disso, indicadores de diversidade e inclusão em cargos de liderança e operacionais são essenciais para modernizar a cultura fabril.

Entenda: Iniciativas de diversidade e inclusão nas indústrias

Pilar de Governança (G) com foco em rastreabilidade e ética

A governança garante que a empresa opera com ética e transparência. Para a metalmecânica, isso significa olhar para dentro e, principalmente, para quem fornece o aço, o alumínio e os componentes.

Conformidade na cadeia de suprimentos

Grandes clientes exigem saber a origem do metal. A rastreabilidade é fundamental para garantir que a matéria-prima não provenha de áreas de conflito ou de exploração ilegal.

Um indicador chave é a porcentagem de fornecedores críticos avaliados sob critérios ESG. Isso assegura a conformidade regulatória e protege a reputação da indústria contra riscos associados a terceiros.

Transparência e relatórios de sustentabilidade

A estrutura de governança deve incluir a existência de um Comitê de Sustentabilidade e a publicação periódica de dados. O mercado valoriza a adoção de frameworks globais, como o GRI (Global Reporting Initiative).

Os relatórios de sustentabilidade na indústria metalmecânica devem ser claros, auditáveis e frequentes, demonstrando a evolução histórica dos indicadores citados anteriormente.

Veja também: Gestão de riscos ESG na indústria

Como aplicar os indicadores ESG para a indústria metalmecânica?

A coleta de dados é o maior desafio. Muitas fábricas ainda dependem de planilhas manuais, o que gera erros e dificulta a análise em tempo real. A transição do Excel para um software de monitoramento ESG é um passo natural de maturidade.

Essas ferramentas automatizam a coleta de dados de medidores de energia, sistemas de RH e controle de resíduos, centralizando as informações. Isso agiliza a tomada de decisão e facilita a auditoria para obtenção de certificações sociais e ambientais para fábricas, como a ISO 14001 ou ISO 45001.

Quais são as demandas de ESG do mercado para o setor industrial?

O mercado financeiro e as grandes cadeias de valor (automotiva, aeroespacial, óleo e gás) não aceitam mais fornecedores que representem riscos ambientais ou reputacionais.

A exigência vai além do cumprimento da lei; busca-se proatividade na redução da pegada de carbono e na responsabilidade social. Empresas que ignoram esses sinais correm o risco de perder acesso a linhas de crédito verde e serem excluídas de vendor lists importantes.

Veja mais: Ecossistemas de inovação e a sustentabilidade: como será o futuro da manufatura brasileira?

Indicadores ESG para a indústria metalmecânica como diferencial competitivo

Implementar e monitorar esses indicadores não é apenas sobre “salvar o planeta”, mas sobre garantir a perenidade do negócio. Fábricas que medem sua eficiência energética produzem mais barato. Fábricas seguras retêm talentos.

Ao adotar os indicadores ESG para a indústria metalmecânica, sua empresa se posiciona como um parceiro confiável, moderno e preparado para os desafios da Indústria 4.0, transformando dados em vantagem competitiva real.

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