A gestão de ativos vem sendo um assunto que tem ganhado cada vez mais notoriedade no ambiente industrial. E isso é justificável, afinal, as iniciativas voltadas para a administração dos bens de uma indústria têm feito toda a diferença para oferecer um produto mais competitivo no mercado.
Basicamente, a gestão de ativos industriais é uma atividade coordenada em que há a correta gestão de todo o ciclo de vida de um ativo industrial, desde a sua aquisição, até seu descarte. Mas, o mais interessante é que esse tipo de gestão pode ser melhorado e trazer ganhos significativos para a indústria.
O que é gestão de ativos industriais?
O termo gestão de ativos na indústria é um conjunto de atividades e sistemas que envolve a avaliação de custos, oportunidades de melhorias e riscos frente ao desempenho desejado para atingir os objetivos organizacionais.
Neste cenário, Ariel de Oliveira Kempf, fundador da Trisolutions e especialista na área, explica que essa forma de gestão é bastante ampla, e abrange todo o ciclo de um ativo dentro da indústria.
“A gestão de ativos abrange as mais diversas áreas em todos os níveis hierárquicos da organização e pode envolver atividades que vão desde a seleção e aquisição dos ativos, passando pela utilização e manutenção, até a sua desativação e descarte com as devidas responsabilidades”, explica.
Mesmo que à primeira vista essa gestão pareça simples, Alisson Castanho Da Silva, Gerente de Produto na Gestão de Ativos da Atech, explica que esse é um dos processos mais importantes dentro de qualquer indústria.
Exatamente por conta dessa complexidade, em 2014, o especialista ressalta que foi criada A ISO 55000, que trata de todo o sistema de gestão e manutenção de ativos. “A norma descreve toda a metodologia, como também como realizar a análise de aspectos relevantes, tais como desempenho financeiro do investimento realizado naquele ativo, potenciais riscos de gestão e sustentabilidade organizacional”, complementa o gerente da Atech.
Benefícios da gestão de ativos para indústrias
Ter um maior controle sobre seu parque de equipamentos é tarefa essencial para minimizar paradas corretivas, gastos com manutenções desnecessárias, riscos de saúde/ambiental e reputacional da empresa.
Dessa forma, os benefícios passam pela adoção de novos processos de trabalho que sejam automatizados e inteligentes, possibilitados pela incorporação dos avanços da Tecnologia da Informação (TI), da Tecnologia da Automação (TA) e Ciência de Dados, de forma a contribuir para que as plantas industriais evoluam e utilizem os modernos conceitos de produção, denominados como "Indústria 4.0".
Assim, segundo o fundador da Trisolutions, as soluções de gestão de ativos industriais permitem que uma organização obtenha incrementos de valor extraídos de seus ativos de acordo com seus objetivos organizacionais, tais como:
- Redução de custos pela preservação do valor do ativo e melhor planejamento de intervenções nos equipamentos, com procedimentos mais bem direcionados, estendendo suas vidas-úteis;
- Permite que se realize investimentos baseados em dados, ponderando riscos, oportunidades e desempenhos;
- Gerenciamento de riscos operacionais/ocupacionais relacionados a saúde, segurança, reputação, impacto no meio-ambiente, seguros, multas e penalizações;
- Garantia da qualidade dos produtos e serviços através da manutenção do bom desempenho, permitindo atingir ou exceder as expectativas de clientes;
- Aumento do entendimento sobre os ativos, seus desempenhos e riscos associados, digitalizando conhecimento que, antes, acabava não documentado, e consolidando melhores práticas e condutas que afetam os ativos.
Assim, para Alisson da Silva não importa se há maior ou menor emprego da tecnologia, o importante é que a indústria faça a implementação desse sistema de gestão para controle dos ativos, principalmente para o atual momento.
“Em momentos como esse que estamos passando, priorizar esse tipo de gestão é fundamental para garantir operacionalização, rentabilidade, e custos desnecessários”, diz.
Medidas e estratégias para melhorar a gestão de ativos na indústria
Embora a definição desse termo seja bastante abrangente, Ariel Kempf diz que iniciativas em áreas específicas da organização podem ser a semente inicial para uma adoção mais ampla da gestão de ativos da indústria.
“Estas áreas devem sempre contar com o suporte de áreas superiores na hierarquia, pois irão envolver equipes multidisciplinares, de diferentes setores e, por isso, irão requerer uma coordenação mais geral para que todos estejam alinhados com os objetivos”, complementa.
Além dessa questão, o Gerente de Produto na Atech explica que o processo de gestão de ativos precisa estabelecer políticas claras de manutenção preventiva e corretiva, bem como provisionamento de itens para manutenção.
Ele completa explicando que a Industrial Asset Management (IAM) dá três orientações essenciais para a gestão de ativos, que são:
- Manutenção do ativo para operar em condições nominais, com sua melhor performance, levando em consideração o custo-benefício da operação;
- Prolongamento da vida útil do ativo, com a realização de melhorias operacionais e tecnológicas, o que pode promover a extensão desse tempo útil da máquina; e
- Adaptação do ativo, com o objetivo de oferecer melhor desempenho operacional, dentro das demandas de produção.
O gerente da Atech explica que o advento da Indústria 4.0 tem impactado bastante na forma como as empresas fazem a gestão dos seus ativos. Mas, segundo ele, a digitalização da gestão de ativos ainda é a realidade de poucas fábricas instaladas no Brasil.
“Para quem conta com uma gestão com baixa digitalização, a organização é a chave para conseguir manter a operação. Claro que, dentro desse contexto, é preciso mais gente trabalhando nessa operacionalização. Quando tratamos de um contexto de alta tecnologia, teremos uma melhor manutenção preventiva, por exemplo, já que sensores vão fazer um trabalho muito mais fino de detecção de problemas”, explica.
Por fim, Ariel Kempf diz que, para engajamento das lideranças/patrocinadores na implementação da gestão de ativos, há a necessidade de evidenciar os benefícios tangíveis e intangíveis que estas atividades trazem.