Em um cenário de alta competitividade no setor industrial brasileiro, a otimização de despesas operacionais tornou-se fator decisivo para a sobrevivência e crescimento das empresas.
Durante painel realizado na última edição da Plástico Brasil, especialistas revelaram como o Mercado Livre de Energia pode representar uma economia de energia para a indústria, com potencial de redução dos custos energéticos de até 50%.
O que é o Mercado Livre de Energia?
Diferentemente do mercado cativo, onde o consumidor está “preso” a uma distribuidora local, o Mercado Livre de Energia permite que empresas escolham seus fornecedores de energia, negociando preços, prazos e condições contratuais.
“É como ir à feira. Você pode escolher de quem comprar”, explicou Bernardo Sicsú, vice-presidente de Estratégia e Comunicação da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia).
Segundo dados apresentados no evento, só o setor de plásticos e borracha representa um consumo aproximado de 1.200 gigawatts de capacidade, demonstrando o potencial impacto que a migração para o mercado livre pode ter para a indústria.
Crescimento exponencial após abertura do mercado
A partir de janeiro de 2024, uma mudança regulatória permitiu que empresas com consumo mensal equivalente a aproximadamente R$8.000 pudessem migrar para o Mercado Livre, desde que estejam conectadas em média ou alta tensão. O resultado foi um boom de migrações.
“O mercado livre demorou 25 anos para chegar a 37.000 consumidores. Em apenas um ano, cresceu com mais 25.000 novos consumidores”, destacou Sicsú.
Vantagens competitivas para o setor industrial
Maury Garrett, gerente de Comercialização de Energia da ENGIE Brasil Energia, ressaltou que a economia pode ser substancial. “Dependendo do momento da contratação, a economia pode chegar a 50%, o que representa uma redução de 11% a 15% na conta total”, afirmou.
Além da economia financeira direta e da melhor eficiência energética industrial, Garrett destacou outros benefícios:
- Flexibilidade na contratação;
- Ausência de bandeiras tarifárias;
- Preço único ao longo do dia (sem diferenciação por horário de pico);
- Acesso a certificados de energia renovável, importante para exportadores.
“Quando você tem um custo de produção menor, você se torna mais competitivo. Se você tem uma indústria concorrente que continua no mercado cativo, mas você está no livre, você tem uma vantagem competitiva em relação a ele”, explicou a mediadora Silla Motta, CEO da Donna Lamparina e embaixadora do CanalEnergia.
Como migrar para o Mercado Livre
O processo de migração é relativamente simples para empresas que já estão em média ou alta tensão. Basicamente, envolve:
- Enviar uma carta denúncia à distribuidora (prazo regulatório atual de 6 meses);
- Possíveis adequações no sistema de medição;
- Contratação com um fornecedor do mercado livre.
“O Mercado Livre por si só não tem nenhum custo adicional para a empresa que vai migrar”, esclareceu Garrett. Ele alertou, porém, que algumas distribuidoras podem aproveitar o momento para exigir adequações nas instalações elétricas, o que pode gerar custos adicionais.
Cuidados na escolha do fornecedor
Os especialistas alertaram que a escolha do fornecedor deve ir além do preço. Nem sempre o menor preço é a melhor solução.
“O menor preço pode vir de uma comercializadora pequena que acabou de ingressar no mercado, que não tem ativos de geração, que tem uma equipe que não é tão especializada.”
Recomendações para uma escolha segura:
- Verificar a solidez e reputação do fornecedor
- Buscar referências de outros clientes
- Analisar se o fornecedor possui ativos próprios de geração
- Verificar se é associado à Abraceel
- Comparar adequadamente as diferentes propostas
Perspectivas futuras
A Abraceel trabalha atualmente para expandir o Mercado Livre também para consumidores de baixa tensão, o que beneficiaria aproximadamente 6,5 milhões de comércios e indústrias que hoje estão restritos ao mercado cativo.
“Estamos totalmente à disposição para ajudar esse consumidor a ir para o mercado livre. Temos cartilhas, temos uma lista de empresas no nosso site”, afirmou Bernardo Sicsú, que também mencionou esforços para reduzir o prazo de migração de seis para três meses.
Para as indústrias que buscam aumentar sua competitividade, o Mercado Livre de Energia apresenta-se como uma oportunidade concreta de redução de custos operacionais, com um processo de migração relativamente simples e benefícios imediatos após a conclusão da transição.
Sua indústria está pronta para migrar? Confira também nosso Glossário do Mercado Livre de Energia.
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