Planejar, programar e controlar tudo que é produzido é essencial em qualquer indústria. Neste cenário, uma boa gestão é fundamental para que a empresa seja referência dentro do seu setor. Para isso, adotar o chamado PCP - Planejamento e Controle de Produção é uma estratégia interessante, principalmente por integrar o gerenciamento das principais atividades da indústria.
Sendo assim, é por meio do Planejamento e Controle de Produção que todos os recursos operacionais serão melhor definidos, já que o PCP envolve funções de planejamento, programação e controle das atividades da empresa.
Saiba mais sobre a importância do PCP, seus benefícios e as etapas para que sua realização seja mais eficiente.
A importância do PCP
O termo PCP representa algumas das principais funções da administração industrial, sendo representativo para o planejamento e Controle de Produção. Em resumo, ele é responsável pela coordenação e aplicação dos recursos produtivos dentro de uma empresa. Com isso, há a possibilidade de atender os planos estabelecidos em níveis estratégicos, táticos e operacionais.
Paulo Hollaender, professor dos cursos de graduação e MBA do Centro Universitário FIAP, explica que é difícil dizer quando o PCP surgiu, já que as funções de planejamento e controle de produção são atividades típicas da administração de operações e da engenharia de produção.
Segundo o professor, o que se pode notar é que essas atividades foram fortemente influenciadas por teorias da administração clássica e moderna: “de Taylor, vem a noção de estudar cientificamente a produção, nascendo daí a ideia de tempo padrão, um dos conceitos mais importantes para o PCP. Já Henry Ford introduziu a ideia de produção em massa e a possibilidade de ganhos de escala na fabricação de grandes lotes de produção”.
Finalmente, após Fayol - que organizou as diversas atividades da administração em grandes temas -, Hollaender explica que ficou mais evidente a separação entre planejamento, programação e controle.
Por tudo isso, hoje em dia, a estratégia de planejamento e controle de produção é fundamental para as instituições, principalmente por ser a base de conhecimentos que organiza a operação.
Etapas do PCP
O PCP envolve diversas atividades, que tendem a variar de indústria para indústria. No entanto, é possível considerar uma estrutura de produção baseada em uma sequência de 5 etapas. São elas:
1. Plano estratégico de produção (PEP ou PP)
No PEP, a partir de informações de crescimento ou redução de demanda, market share e investimentos, a equipe de PCP determina as principais diretrizes para a produção.
“É no PEP que estão informações como necessidade de aumento de capacidade instalada, lançamento de novos produtos e renovação de equipamentos”, indica Hollaender.
2. Plano Agregado de Produção (PAP)
Esse plano é uma visão geral de o que será produzido a cada mês, normalmente detalhado apenas por família de produtos - por isso é chamado de plano agregado.
É realizado com base em um plano de médio e longo prazo, ocorrendo a previsão de níveis de produção e estoque, e pode durar de seis meses a dois anos, variando de acordo com o tamanho e o tipo de produtos fabricados. Além disso, outros aspectos devem ser considerados, como as contratações e demissões de pessoas para a produção, horas extras, logística, entre outros pontos.
3. Plano Mestre de Produção (PMP ou MPS, do inglês Master Production Schedule)
Logo após o PAP, cabe ao MPS detalhar algumas questões: O que produzir? Onde produzir? Quando produzir? Quanto produzir? - para cada item, para períodos de dias ou semanas. “Esse documento é o principal de todo o PCP”, completa o professor.
Nessa fase, os recursos são direcionados para que se produza a quantidade necessária para cumprir a demanda de um determinado período. Como visa representar um ciclo menor, os itens e as quantidades são delimitados com um grau de detalhamento maior do que no planejamento agregado. Com isso, os recursos são direcionados para que se produza a quantidade necessária para cumprir a demanda de um determinado período. Como é um ciclo menor, os itens e as quantidades são delimitados com um grau de detalhamento maior do que no planejamento agregado.
4. Programação da Produção e 5. Ordem de Produção
Com base no MPS, faz-se as duas últimas etapas do PCP. Nestas etapas ocorrem os maiores níveis de detalhes. A primeira está relacionada às atividades desenvolvidas diretamente no chão de fábrica. Podemos dividir essa etapa em subcategorias, como administração de materiais e sequenciamento e emissão das ordens de produção.
“Neste momento, as mesmas perguntas (O que produzir? Onde produzir? Quando produzir? Quanto produzir?) serão respondidas, porém dessa vez se detalha por linha de produção e por turno de trabalho para cada SKU (Stock-Keeping Unit)”, complementa Paulo Hollaender.
Esse documento mostra, diariamente, o que está sendo produzido em cada linha de produção, em cada fábrica da empresa, em cada turno de trabalho.
O professor ainda ressalta que a ordem de produção determina o melhor sequenciamento entre os diversos itens a serem produzidos: "quando uma empresa decide fabricar 3 itens no mesmo dia, por exemplo, há uma ordem ideal de produção que irá minimizar os custos de preparação de máquina e consumo de matérias primas".
Dessa forma, a ordem de produção garante que, ao final de um período produtivo, as trocas entre SKUs sejam as mais eficientes possíveis. Nessa ultima etapa do processo, acontecem o acompanhamento e a mensuração do que foi colocado em prática nas fases anteriores. O objetivo é verificar o desempenho da produção e a realização dos ajustes necessários.
Benefícios do Planejamento e Controle de produção para indústrias
Como vimos, o Planejamento e Controle de Produção é utilizado para promover organização e sincronia no processo produtivo. “De certa forma, a equipe que faz o PCP tem o papel equivalente ao maestro do sistema produtivo, garantindo que todos os recursos estão produzindo os itens corretos na hora certa”, explica o professor da FIA.
O planejamento da produção determina o que será feito em uma visão de longo e médio prazos, direcionando o que será produzido nos próximos meses. A programação da produção, por sua vez, olha para o curto prazo. Já o controle da produção garante que tudo o que foi planejado e programado esteja sendo feito corretamente, e corrige eventuais falhas.
Com isso, o alinhamento dentro da indústria é muito maior, como ressalta Hollaender. “Quando implementadas adequadamente, essas três atividades entram em sintonia e compõem um processo contínuo, que mantém a fábrica alinhada e minimiza interrupções no sistema produtivo”.
Neste contexto, os principais benefícios de um bom Planejamento e Controle de Produção são:
- Organização da produção;
- Previsibilidade no sistema produtivo;
- Redução de paradas por falta de insumos;
- Redução de custos operacionais (principalmente os relativos à preparação de máquina);
- Aumento da eficiência operacional, e
- Aumento da qualidade dos itens produzidos, já que o controle da produção irá evidenciar falhas operacionais que se escondem na falta de organização da produção.
Por fim, para garantir assertividade na tomada de decisão, é essencial que o planejamento seja bem estruturado e confiável: o PCP permite otimizar a produção da empresa, gerando mais lucros e reduzindo as falhas, retrabalhos e custos desnecessários.
Objetivos do Planejamento e Controle da Produção
O PCP é “responsável pela coordenação e aplicação dos recursos produtivos. Com isso, é possível atender os planos estabelecidos em níveis estratégicos, táticos e operacionais”, afirma a administradora pela Universidade Federal de Santa Catarina, Rafaela de Oliveira.
De acordo com Rafaela, há três níveis hierárquicos do PCP:
- Nível estratégico - Definição de políticas estratégicas de longo prazo da empresa. Assim, o PCP passa a participar do Planejamento Estratégico da Produção.
- Nível tático - Estabelecimento de planos de médio prazo para a produção. Nessa etapa, desenvolve-se o Planejamento Mestre da Produção.
- Nível operacional - Preparação dos programas de curto prazo de produção. Estágio em que o PCP prepara a Programação da Produção e executa o Acompanhamento e o Controle da Produção.
Além dos níveis principais, deve-se levar em consideração outras questões:
- Quantidade de produtos a ser fabricada.
- Layout da planta da fábrica, para melhor aproveitamento do fluxo dos insumos.
- Etapas que compõem o processo de manufatura.
- Definição da mão de obra, tanto mecânica quanto humana.
Com essas delimitações, a indústria pode planejar, programar e controlar melhor o processo de produção. Dessa forma, é possível revisar constantemente os objetivos estabelecidos e evitar desvios.