Tanto a automação quanto a inteligência artificial, a robótica e a análise de dados estão redefinindo os conceitos de produtividade e competitividade na indústria. Por isso, dois conceitos são considerados fundamentais para o futuro do trabalho industrial: upskilling e reskilling.

Mais do que tendências de RH, são práticas que se tornaram estratégias de sobrevivência empresarial. Mesmo porque, um dos maiores desafios para a gestão da indústria está na qualificação e capacitação. É preciso saber como preparar as equipes para que possam acompanhar a revolução tecnológica.

Segundo a FGV, “upskilling e reskilling são centrais para o aprimoramento de funções e tipos de trabalho, para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade”.

A propósito, a fundação divulgou uma pesquisa, cujo resultado revelou que, em muitos casos, a efetividade das intervenções de upskilling e reskilling está relacionada a diversos fatores. Entre eles, ao aumento da produtividade (59%), retenção dos funcionários (57%) e minimização do risco de contratações inadequadas (39%).

Upskilling: aprimorar o que já existe

O termo upskilling está relacionado ao desenvolvimento de novas competências dentro da mesma função para o mesmo profissional.

Ou seja, significa incentivar este colaborador a aprimorar seus talentos, porém com ferramentas mais modernas e processos mais efetivos. Na indústria, por exemplo, trata-se de preparar o funcionário para lidar com novos sistemas, hoje automatizados, bem como com sensores inteligentes ou até mesmo softwares para o controle da produção e desenvolvimento de produtos.

O objetivo é elevar o nível técnico da equipe e digitalizar o trabalho de quem já atua no parque fabril. É importante, portanto, que seja uma atualização contínua, a fim de reduzir falhas, aumentar a produtividade e otimizar recursos.

Em suma, investir em upskilling ajuda a reforçar o vínculo entre a empresa e seu colaborador, uma vez que ele evoluirá profissionalmente e crescerá na organização.

Reskilling: novas funções para uma nova indústria

Por sua vez, o conceito reskilling é a requalificação profissional. A ideia é fazer com que o colaborador da indústria atue em novas funções, adquirindo mais experiências. Essa prática é considerada essencial para o crescimento do setor, pois a automação vem substituindo diversas tarefas, principalmente as repetitivas.

Para a FGV, “ao oferecer possibilidades de requalificação a seus trabalhadores, a empresa transforma-se também em um espaço de capacitação e aprendizado contínuo, influenciando tanto a satisfação geral quanto a confiança de seus colaboradores”.

Além disso, junto com o surgimento de novas demandas ligadas aos sistemas inteligentes e a digitalização, o reskilling prepara os profissionais para novos desafios. Independentemente do processo em que ele atua, o conhecimento continua sendo um diferencial. Novas habilidades tecnológicas serão ofertadas o colaborador se tornará cada vez mais necessário para a empresa.

Trabalho na indústria: é preciso agir agora

Segundo pesquisas, cerca de 50% dos trabalhadores do mundo precisarão se requalificar até 2027 em virtude das mudanças tecnológicas. Aqui no Brasil, esse impacto é nítido, já que a escassez de mão de obra qualificada tem sido um gargalo citado por indústrias de diferentes portes.

Inclusive, publicamos um conteúdo sobre a pesquisa feita pela Fiesp, que revela em números esse problema. De acordo com a entidade, 20,5% das empresas pesquisadas que procuraram novos funcionários do início de 2024 a março de 2025  simplesmente não conseguiram encontrar.

Ignorar o upskilling e o reskilling pode ser arriscado para o sucesso operacional da indústria. É preciso que a gestão olhe para o desenvolvimento das equipes para evitar baixa produtividade, dificuldade de retenção de talentos e maior dependência de contratações extras.

Em contrapartida, as empresas que investirem na capacitação contínua dos times terão mais engajamento, agilidade nos processos e profissionais preparados para inovar. E é o que a Indústria 4.0 vem exigindo.

Investimento em capacitação

Os dois conceitos, upskilling e reskilling, vão muito além de treinamentos consecutivos. São estratégias de gestão capazes de reposicionar o papel de cada profissional para acelerar a inovação. Sendo assim, é possível antecipar-se às mudanças em vez de reagir a elas.

A gestão acaba criando uma cultura de aprendizado permanente na empresa, cujo desenvolvimento do pessoal passa a ser mais técnico e o crescimento da empresa uma realidade.

“O upskilling e o reskilling também exercem influência decisiva na cultura organizacional, promovendo um espaço de trabalho dinâmico, ágil, integrado e inclusivo, resultado condizente com outros estudos que destacam como principal driver na oferta desses processos o objetivo de desenvolver habilidades e aprendizados como parte da cultura empresarial”, destacou a FGV.