Independentemente do porte, garantir a eficiência dentro da sua capacidade de gestão costuma representar grandes desafios para as indústrias. E, dentre os vários pontos dessa gestão, o controle de estoque industrial representa um ponto vital para manter a saúde do negócio e dar maior sustentação para seu crescimento.

Ao falar de controle de estoque industrial, estamos abordando muitas variáveis, como o controle de estoque de produto acabado, matéria-prima e de infinitos componentes. Isso, certamente deixa a gestão de estoque um pouco mais complexa quando comparada a outros setores, como o varejista.

Veja a importância do controle de estoque para indústrias e conheça algumas dicas e boas práticas que, quando seguidas, vão deixar sua gestão de estoque mais eficiente e produtiva. Confira!

O que é o controle de estoque industrial?

No contexto de uma indústria, a gestão de estoques, normalmente, se refere à gestão dos recursos materiais que podem ajudar a organização a melhorar a eficiência e gerar receita no futuro.

Dessa forma, Ivaldo Carneiro Silva, instrutor de ensino profissionalizante da Escola Senai Morvan Figueiredo, explica que a importância do controle de estoque nas indústrias reside em uma questão estratégica fundamental, que sustenta a sobrevivência, longevidade e saúde financeira das mesmas.

Segundo o especialista do SENAI, manter a disponibilidade dos produtos, insumos e matérias-primas na quantidade e no lugar correto são partes importantes das atividades do controle de estoque: “a falta de um determinado produto em estoque incentiva o cliente a buscar este mesmo produto em um concorrente, gerando a perda de receita para a empresa”.

Da mesma forma, manter produtos, insumos e matérias-primas em excesso também é um problema. “Além de impactar no dinheiro investido, irá ocupar um amplo espaço no estoque, podendo se danificar, perder a validade ou até mesmo com o bem deixando de ser comercializado por diversos fatores”, explica.

Por que o controle de estoque é importante para a indústria?

O controle de estoque é essencial para a indústria porque garante que os materiais e produtos necessários para a produção estejam sempre disponíveis na quantidade certa, evitando tanto a escassez quanto o excesso de itens. 

Um estoque bem gerido permite que a produção flua sem interrupções, mantendo os prazos de entrega e a satisfação do cliente. Além disso, o controle eficiente contribui para o planejamento financeiro da empresa, já que permite prever as necessidades de compra e controlar os custos de armazenamento, otimizando os recursos.

Outro benefício do controle de estoque é a redução de perdas e desperdícios. Sem um monitoramento adequado, itens podem se deteriorar ou se tornar obsoletos, gerando prejuízos. 

Ao adotar sistemas de gestão de estoque, a indústria consegue acompanhar o giro de mercadorias, identificar itens de baixa rotatividade e tomar decisões baseadas em dados para melhorar a eficiência operacional. 

Dessa forma, o controle de estoque não só promove a eficiência no processo produtivo, mas também impacta positivamente na rentabilidade da empresa.

Os quatro tipos de estoque

Existem quatro diferentes tipos de estoque. Cada um deles tem um papel específico na indústria, portanto, é fundamental conhecer as respectivas características.

1. De fluxo

O primeiro é o estoque de fluxo, o qual foi criado para manter a constância da movimentação dos produtos. Por exemplo, peças e componentes utilizados com frequência devem ser monitorados por essa modalidade, pois ela é essencial para que a produção se mantenha ativa e nunca sofra com a falta de materiais.

2. De ciclo

Este tipo de gestão é indicada para quando há materiais comprados e utilizados em ciclos específicos. A empresa, normalmente, mantém esse estoque conforme a sua demanda. Sempre que necessário há uma reposição.

3. De segurança

Por sua vez, o estoque de segurança se resume na reserva de materiais para possíveis imprevistos, como um pedido extra ou problemas com o fornecedor do próprio insumo. Aqui, temos uma proteção em favor da linha de produção. A quantidade é sempre calculada com base num histórico de variações da empresa.

4. Sazonal

Já o estoque sazonal é gerido com base no aumento da demanda em virtude de épocas específicas do ano. As chamadas datas sazonais. Neste caso, é preciso um planejamento minucioso para garantir o estoque dos materiais certos e na quantidade necessária, de modo a evitar faltas ou desperdícios.

Os quatro pilares do controle de estoque industrial

A indústria pode contar com quatro pilares para garantir efetividade no controle de estoque. São eles: estimativa da necessidade, cálculo do momento certo para a reposição dos produtos, determinação do ponto de reabastecimento e garantia de uma contagem extra. 

O primeiro pilar exige ferramentas de planejamento de demanda, ao passo em que o segundo evita escassez e custos extras. 

Já o terceiro pilar, a determinação do ponto de reabastecimento, deve ser calculado com base no tempo de reposição e na demanda média de consumo. E o último pilar pode ser feito por meio de inventários e com o uso de tecnologias.

Métodos mais comuns de controle de estoque

O controle de estoque apresenta diferentes métodos em favor da indústria. É preciso, porém, saber como escolher, conforme as necessidades da produção.

1. FIFO (first in, first out)

Esse método trabalha com foco na ordem de chegada dos produtos. Ou seja, o primeiro item a entrar no estoque é o primeiro a sair.

2. LIFO (last in, first out)

Aqui, a lógica é contrária: o último item a entrar é o primeiro a sair. O foco está no custo variável dos produtos que não sofrem alterações significativas ao longo do ano.

3. JIT (just in time)

Este método visa minimizar os estoques e atender à demanda conforme ela ocorre. A principal vantagem é a redução de custos com armazenamento, mas exige uma coordenação precisa com os fornecedores.

Boas práticas para o controle de estoque mais eficiente

Para que a indústria consiga ter um controle de estoque mais eficiente, reduzindo desperdícios e melhorando a performance de produção, Ivaldo Carneiro Silva indica algumas ações e recomendações importantes para a indústria adotar:

  • Todos os produtos devem ser codificados e distribuídos no armazém de forma organizada. “Para isso, vale adotar a Curva ABC, que irá auxiliar no posicionamento dos produtos”, explica Silva;
  • Defina janelas de recebimento e uma agenda de trabalho com horários estabelecidos para as atividades de recebimento e expedição de produtos;
  • Controle as entradas e saídas, assim como o consumo do produto dentro de períodos pré-determinados;
  • Invista em inventários cíclicos, rotativos, parciais ou geral. “Estes devem ser adotados como forma de manter a acuracidade das informações entre todos os envolvidos com a atividade”, diz;
  • Adote sistemas FIFO, LIFO e FEFO, que auxiliam no posicionamento dos produtos em estoque e contribuem com um giro de estoque mais eficiente e inteligente;
  • Realize auditorias e inspeções em relação à preservação, qualidade e organização dos produtos em estoque. “Essa medida demonstra o comprometimento com a disciplina e a gestão do estoque dentro da indústria”, acredita o especialista do SENAI;
  • Defina estoques mínimos e máximos, bem como o ponto de pedido e demais informações de apoio a Compras e Produção. “Essas estratégias dizem respeito à análise de demanda da empresa e das necessidades de aquisição de produtos, insumos e matérias-primas para estoque que, quando bem definida, permite a empresa estar preparada para possíveis oscilações do mercado, além de não perder vendas pela indisponibilidade de produto ou empatar capital em produtos de baixo giro de estoque”;
  • Adote um sistema de gerenciamento de estoque informatizado que ofereça recursos que possibilite a melhor gestão do estoque. “Esse tipo de software auxilia não só no controle e organização, mas também alerta a empresa quanto aos possíveis descontroles, furtos, desvios ou falhas dentro da operação”, indica Ivaldo da Silva.
  • Invista no capital humano para o sucesso do controle de estoque. “Profissionais treinados, disciplinados e conhecedores da responsabilidade da sua atividade são fatores de sucesso para que tudo que foi citado anteriormente, seja realmente eficiente”, complementa o especialista.

Outras dicas para melhorar o controle de estoque industrial

Enquanto profissional da área de logística atuando no SENAI-SP, Ivaldo Carneiro Silva recomenda algumas sugestões que podem ser adotadas com maior ou menor abrangência dentro da indústria, visando uma melhor gestão e controle do estoque. 

Assim, sob esta perspectiva, os profissionais do Núcleo de Tecnologia em Logística do SENAI-SP, dão as seguintes orientações para um melhor controle de estoque industrial:

  • Realize inventários periódicos;
  • Atualize a Curva ABC da demanda dos produtos;
  • Crie e capacite toda a equipe nos procedimentos operacionais padrões, instruções de trabalho e demais rotinas operacionais do setor;
  • Reavalie constantemente fornecedores, produtos, embalagens, tamanho de lote e outras características que possam interferir ou auxiliar em uma melhor gestão do estoque;
  • Zele pela manutenção das recomendações de endereçamento, corredores de passagem e espaço físico para a movimentação e realização das atividades no estoque;
  • Respeite as determinações de quantidades mínimas e máximas no estoque;
  • Automatize rotinas com sistemas de informação (WMS) ou softwares similares;
  • Crie e faça a gestão baseada nos principais indicadores de desempenho do estoque;
  • Apoie as ações da equipe e cobre os desempenhos não atingidos.

Dessa forma, a busca pela eficiência no controle de estoque representa um desafio para a maioria das indústrias. Mesmo antes de começar as vendas, o lucro ou prejuízo pode ser parcialmente explicado por quão bem a empresa é capaz de gerenciar seus estoques.

Todas as estratégias aqui citadas são primordiais para a sua empresa otimizar os recursos, reduzir custos e garantir eficiência às operações. Quer saber mais como ganhar em produtividade? Continue acompanhando os conteúdos do portal A Voz da Indústria!