ESG é um termo que vem sendo amplamente discutido dentro do ambiente corporativo. Esse é o acrônimo para Environmental, Social, (Corporate) Governance, em inglês, ou Ambiental, Social e Governança Corporativa.
Dentre estes termos, a governança corporativa adquire grande importância. Basicamente, ela se refere a um sistema pelo qual as empresas são gerenciadas e incentivadas a realizar práticas que respeitam a legislação, ética e boas práticas.
Mas, você sabe como a governança corporativa se aplica ao ambiente da indústria, especificamente à sua gestão?
No artigo de hoje, vamos mostrar como este tema se aplica às indústrias, com seus diferenciais, vantagens e conceitos mais utilizados.
O que é governança corporativa dentro do ESG
Tema cada dia mais em pauta, a ESG se refere à adoção de práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio como meio de minimizar os riscos e impactos ambientais, gerando uma sociedade igualitária, bem como mantendo uma boa performance/conformidade de administração.
Dentro das três práticas de ESG, a governança corporativa merece destaque.
Aline Bayer e Luana Dourado Costa, representantes do Comitê de Diversidade e Equidade da Advocacia Ruy de Mello Miller, explicam que a Governança Corporativa se refere a um sistema pela qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas a desenvolver práticas que estejam em conformidade com a legislação, ética e boas práticas.
“O objetivo da governança é alinhar os interesses da alta gestão (diretores, acionistas, sócios) com as finalidades de preservação e aperfeiçoamento dos princípios e valores da instituição, para assim, ter resultados positivos a curto, médio e longo prazo”, dizem.
Com definição semelhante, Claudia Hausner, Conselheira da Trends Innovation, explica que o papel da Governança é potencializar a construção de valor da empresa e obter crescimento e participação de mercado responsáveis.
Em outras palavras, a Governança Corporativa exige que uma instituição deva estar em “compliance” e, portanto, deve evitar condutas tidas como inadequadas, como fraudes, corrupção, vantagens desleais, entre outras.
Por tudo que proporciona, a Governança é o pilar básico da ESG.
Governança Corporativa nas indústrias: 4 princípios fundamentais
Importante destacar que todas as condutas de ESG também devem ser implementadas no mercado industrial, uma vez que elas (inclusive a governança corporativa) devem ser encontradas em toda e qualquer instituição, não importando seu ramo de atividade.
Assim, de acordo com o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, as boas práticas de gestão estão baseadas em quatro princípios:
1. Transparência: deve estar presente em todas informações e condutas da empresa e não apenas naquelas determinadas por leis ou regulamentos, bem como em todos os setores – e não apenas ligados aos assuntos econômico-financeiros.
2. Equidade: o tratamento deve ser justo e isonômico de todas as partes interessadas (sócios, colaboradores, stakeholders), considerando os direitos, deveres e necessidades de cada um.
3. Accountability (prestação de contas): os agentes de governança devem, periodicamente, prestar contas de todas as suas atuações de modo claro e objetivo, e agir com responsabilidade, bem como assumir todas as consequências de suas condutas.
4. Responsabilidade corporativa: a alta gestão deve zelar pela viabilidade econômico-financeira da empresa, minimizar os riscos do negócio e aumentar as performances da empresa, tendo em vista seu modelo de negócio, em curto, médio e longo prazo.
Além destes princípios, é necessária a observância dos pilares de um programa de integridade (ou sistema de gestão), que são:
- Comprometimento da Alta gestão;
- Análise e gestão de riscos;
- Código de Conduta e política de compliance;
- Controle Interno;
- Treinamento e comunicação;
- Canais de Denúncia;
- Investigação interna;
- Due Dilligence – investigação prévia e minuciosa que avalia todas as informações, áreas e processos de uma empresa ou colaborador;
- Auditorias e monitoramentos
Apesar dessas boas práticas, princípios e do sistema de gestão servirem como um “modelo ideal” de governança, Claudia Hausner sugere que é preciso definir um modelo que faça sentido para a empresa, de acordo com seu modelo de negócios (tipo de indústria):
“Cabe à indústria buscar a essência da Governança Corporativa que tem como propósito a construção de valor da empresa, perpetuidade, conseguir ser ágil face às pressões do mundo atual.”
Vantagens da adoção da governança corporativa no ambiente industrial
É sabido que muitas empresas do setor industrial apresentam um maior risco dentro da ordem ambiental, principalmente em comparação aos outros setores.
Diante disso, há a necessidade de mensurar a performance industrial. Para Bayer e Costa, essa performance vai além da geração de lucros. “É preciso adotar medidas que afastem o mercado industrial dessa imagem de poluidora em potencial.”
Segundo as especialistas, a criação de institutos como Compliance e ESG trouxe a necessidade de uma gestão baseada em valores (não só de capital, mas de princípios sustentáveis e sociais).
“A adoção de condutas voltadas aos aspectos sustentáveis e sociais pela indústria – decorrentes de uma boa gestão – acarreta sua valorização pelos consumidores e investidores, bem como gera reconhecimento pela Administração Pública”, indicam.
De fato, com o mundo muito mais sustentável, o mercado consumidor dá preferência às indústrias que possuem certificações ISO e práticas ESG bem estruturadas, e com resultados positivos, por exemplo.
Nesta mesma conjuntura, Hausner explica que o objetivo da Governança Corporativa é construção de valor.
“As empresas que adotam uma governança estruturada e bem pensada conseguem se posicionar melhor no mercado e ter resultados melhores, como lucratividade, potencialização de posicionamento de mercado, menos perdas devido a matrizes de riscos, crescimento do seu valor (valuation).”
Além disso, a boa governança corporativa dentro da indústria permite ganhos econômicos, como:
- Aumenta a competitividade da indústria;
- Atrai maiores investidores;
- Gera maior visibilidade do mercado com a melhora da imagem e operação da empresa;
- Garante melhor acesso a crédito e capital para investimento no próprio negócio;
- Cria possibilidades maiores de conseguir contratos com a Administração Pública;
- Possibilita a nítida valorização da empresa como um todo.
Nesse contexto, a implementação das práticas da Governança Corporativa, programa de integridade e práticas ESG são extremamente necessárias nas dependências de qualquer indústria.