Para o gerente regional de produtos da Festo, Paulo Roberto dos Santos e o diretor técnico comercial da MCK Automação Industrial, Marcio Daré: fabricantes de eletrodomésticos, alimentos, cosméticos, bens de consumo e o setor automobilístico, podem se adaptar rapidamente às necessidades da Manufatura Avançada. O setor automobilístico é o que parece estar mais perto da próxima fase da evolução industrial, com a introdução dos conceitos para o próximo nível acontecendo progressiva e paralelamente ao desenvolvimento de lançamento de novos produtos.
O que falta, porém, é um elemento catalizador. Como a revisão do currículo dos cursos de engenharia e de tecnologia da informação. Ou, segundo o vice-presidente da América Latina da Hexagon Manufacturing Intelligence, Danilo Lapastini, mais incentivos fiscais e financeiros às indústrias para a modernização do parque brasileiro de máquinas, possibilitando assim, tornar nossa indústria mais competitiva no exterior. Quem nos observa de fora percebe uma forte pressão para a otimização dos investimentos em função da situação econômica de nosso País.
No entanto, Delgado explica que existem propostas governamentais de melhoria da produtividade econômica e de renovação do parque industrial. “Inclusive, com a retirada de máquinas mais antigas do mercado”. E que o projeto contempla um programa de crédito junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com juros mais baratos.
Curiosamente a fabricação de robôs é essencialmente manual. Pessoas fabricam essas peças por serem muito customizadas. Edouard Mekhalian, Kuka Roboter do Brasil
E o desemprego?
Este é um tema controverso no meio. Especialistas defendem, no entanto, que é um mito tratar o tema Manufatura Avançada como sinônimo de desemprego na indústria. “Temos várias razões para acreditar que a 4ª Revolução Industrial não significa desemprego, mas sim, novas oportunidades de trabalho”, provoca o professor de engenharia Ari Costa, responsável pela gestão executiva da Ilha de Demonstração de Manufatura Avançada da FEIMEC (Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos).
Para defender este argumento o professor compara o índice de industrialização e desemprego do Brasil e da Alemanha. “Lá, o nível de industrialização é muito maior. E tem desemprego na Alemanha? Não tem. Aqui, a industrialização é menor, e tem desemprego? Tem. O problema não é o nível de industrialização, mas sim, a produtividade da indústria”, afirma.
Além disso, o especialista acredita na abertura de novos postos de trabalho, uma vez que esse tipo de tecnologia precisará de manutenção e, mais do que isso, conforme o grau de industrialização, novas tecnologias e recursos serão necessários, ou seja, é uma indústria que irá gerar cada vez mais demanda.
Corrobora deste pensamento, o diretor geral da KUKA Roboter do Brasil, Edouard Mekhalian que aposta no maior nível de robotização e tecnologia para a geração de empregos qualificados. “Curiosamente a fabricação de robôs é essencialmente manual. Pessoas fabricam essas peças por serem muito customizadas”, diz Edouard Mekhalian, da Kuka Roboter do Brasil.