A crise política e econômica que o Brasil vem enfrentado na última década provocou uma acentuada redução nos investimentos no setor de bens de capital, em particular, no segmento de máquinas-ferramenta, chegando hoje a uma quase total paralisação. É como se a indústria de manufatura estivesse anestesiada por total falta de confiança, de demanda, além de conviver com uma capacidade ociosa próxima a 50%.
Todavia, esse período crítico irá passar e os investimentos voltarão a ser realizados e o país retornará a recuperar o seu parque de máquinas. A experiência em diversas crises passadas aponta que, depois de superados os anos de dificuldades, os novos investimentos são realizados em modernas tecnologias, visando atingir-se maior produtividade, mais qualidade e menores custos.
Por esse motivo, a indústria de bens de capital, como a de máquinas-ferramenta, deverá estar preparada para um novo ciclo de desenvolvimento. O mercado certamente irá necessitar de máquinas que, dependendo da demanda e do conceito construtivo, deverão contar com equipamentos, tanto de fabricação nacional, como importados.
A indústria nacional atingiu o grau de excelência na fabricação de máquinas-ferramenta, sejam elas por arranque de cavacos, por abrasão ou por deformação. Isto está traduzido por seus mais de 50 anos de existência e pela sua aceitação e reconhecimento no mercado doméstico e na exportação, além de ótima rede de assistência técnica, engenharia de aplicação e rápido fornecimento de peças de reposição.
Obviamente, máquinas-ferramenta importadas têm a sua importância para atender o nível de demanda exigida e as necessidades de equipamentos, cujos conceitos ou características técnicas não são produzidos no país. Por este motivo, equipamentos sem similar nacional são beneficiados pelos “ex-tarifários”, com alíquota de importação de 2%, representando uma enorme vantagem para o importador.
A indústria de bens de capital, como a de máquinas-ferramenta, deverá estar preparada para um novo ciclo de desenvolvimento
Bens de capital foram exageradamente favorecidos no longo período em que o Real esteve supervalorizado, tendo provocado uma avalanche de importações, inclusive as de máquinas– ferramenta tecnologicamente muito inferiores às fabricadas no Brasil, muitas delas sem atender as normas brasileiras de segurança NR-12, tendo como consequência a perda de competitividade do produto nacional. Aliás, essa política cambial desastrosa implantada pelo governo federal decretou a perda de competitividade da indústria de manufatura como um todo. Além do problema cambial, a indústria brasileira de bens de capital teve e continua tendo de enfrentar problemas como: taxa de juros elevada, financiamentos bancários exorbitantes, uma vez que linhas do BNDES são para poucos empresários aptos a obtê-los, elevado custos de energia elétrica, de logística, de custos trabalhistas e outros que formam o indesejado “Custo Brasil”.
Hoje, com as taxas cambiais num patamar mais saudável para a economia do país, a competição entre a máquina nacional e a importada passa a ser mais realista e leal, restando compensar as diferenças quanto à isonomia da forma de se produzir no Brasil em relação aos demais países fabricantes de máquinas-ferramenta, cujas economias estão num patamar equilibrado. Para isso, as alíquotas do imposto de importação, para produtos similares aos produzidos no país, estão corretamente dimensionadas para nivelar as diferenças de falta de isonomia com esses países, como taxas para financiamentos bancários, taxas de juros, custos trabalhistas, custos de logística e tantos outros.
Portanto, nestas condições, o mercado fica competitivo para toda e qualquer empresa fabricante de máquinas-ferramenta, quer seja nacional ou estrangeira, lembrando que o empresário nacional, usuário do equipamento, antes de decidir pela sua compra, levará sempre em consideração aquele que lhe proporcionar a melhor relação “custo x benefício”, melhor assessoria técnica e melhor pós-venda.