O protagonismo das demandas ESG e a crescente preocupação ambiental tem levado governos e indústrias automotivas a planejar uma revolução energética, na qual os combustíveis fósseis são progressivamente substituídos por fontes sustentáveis. Dentro dessa perspectiva, o motor a hidrogênio se destaca.
Com mecânica semelhante aos motores a combustão, os motores a hidrogênio ao invés de queimar diesel, gasolina ou etanol, utilizam o hidrogênio para seu funcionamento. São, por isso, importantes representantes dos carros híbridos.
Mas você sabe como funcionam e quais são os diferenciais dos motores a hidrogênio?
Convidamos Jorge Medeiros, Líder de Utilities na dataRain e com conhecimentos nesta tecnologia, para explicar melhor sobre como funciona essa tecnologia inovadora.
Motor a hidrogênio: entenda o que é
Os veículos movidos a hidrogênio representam uma promissora abordagem para a tecnologia de carros híbridos.
Quando comparado aos outros veículos elétricos, os carros com motor a hidrogênio produzem eletricidade no próprio veículo, não sendo necessária uma ligação à rede elétrica.
“Esses veículos utilizam o hidrogênio armazenado em seus tanques, que, ao entrar em contato com o oxigênio do ar, desencadeia uma reação resultando em energia elétrica. Essa eletricidade é então usada para impulsionar o veículo por meio de um motor elétrico, além de recarregar as baterias”, explica Medeiros.
Essencialmente, o Líder de Utilities na dataRain salienta que os veículos elétricos movidos a hidrogênio geram eletricidade através da eletrólise da água, separando o hidrogênio (H2) do oxigênio (O).
“Esse combustível é altamente energético e potente. Consequentemente possibilita a geração de eletricidade para uma grande variedade de veículos, incluindo carros urbanos, locomotivas e, potencialmente, até mesmo aviões”.
Futuro da mobilidade passa pelos motores a hidrogênio
Mesmo em alta, o uso do motor a hidrogênio em veículos não é uma ideia nova. Estudos indicam que ela remonta ao ano de 1807, quando o inventor franco-suíço François Isaac de Rivaz patenteou a criação de um motor de combustão interna a hidrogênio.
Mas, com o atual avanço de modernas tecnologias, Jorge Medeiros firmemente acredita que o hidrogênio, combinado com motores elétricos, representa o futuro não apenas do setor de transporte, mas de diversos outros setores.
“O que torna o hidrogênio realmente especial é o fato de ele ser um combustível produzido por meio de processos que utilizam fontes de energia renováveis e inesgotáveis, como a eólica e solar”, opina.
Segundo o especialista, essa abordagem traz benefícios significativos para o ecossistema global. “O hidrogênio é uma fonte de energia limpa, diferenciada e altamente promissora para impulsionar avanços em vários tipos de indústrias”.
Ou seja, se projetamos dar sequência ao processo de transição energética, certamente o motor a hidrogênio tem um papel fundamental, principalmente por ser uma fonte de energia versátil e uma das maneiras mais eficientes de armazenar e transportar energias renováveis.
Peça que faltava para acelerar a transformação da mobilidade
Não há como contestar, o motor a hidrogênio é a peça que faltava no quebra-cabeça quando se trata de mobilidade livre de emissões.
Segundo Medeiros, quando se trata de mobilidade, o uso do hidrogênio como combustível tem um impacto significativo, devido à sua capacidade de aproveitar a infraestrutura logística existente da rede de postos de combustível, representando uma vantagem em relação à mobilidade baseada exclusivamente em veículos elétricos.
Os veículos elétricos exigem ajustes mais abrangentes na cobertura e logística regional, além de redimensionamento das redes elétricas das distribuidoras para suportar essa demanda.
No caso do hidrogênio, esse desafio é, segundo o especialista da dataRain, superado. “Ao optar pelo hidrogênio como combustível, podemos aproveitar a infraestrutura de postos já estabelecida, evitando a necessidade de construir uma nova rede do zero”.
Apesar disso, é preciso ainda enfrentar os desafios atuais relacionados ao armazenamento seguro do hidrogênio, sendo necessário implementar as devidas adaptações para garantir a segurança em todo o processo.
Mas, em suma, o uso do motor a hidrogênio oferece uma solução atraente para impulsionar a mobilidade, aproveitando a infraestrutura logística existente, enquanto a mobilidade baseada em veículos elétricos requereria ajustes mais amplos na cobertura e logística, assim como investimentos adicionais nas redes elétricas.
Alto custo ainda é um desafio importante
Do ponto de vista mercadológico, os veículos movidos a hidrogênio ainda engatinham em termos de vendas, inclusive nos países do primeiro mundo.
Jorge Medeiros indica que atualmente o setor produtivo enfrenta a dificuldade de estabelecer um sistema de produção de hidrogênio competitivo em termos de custo, quando comparado aos preços dos combustíveis mais tradicionais e poluentes.
No entanto, ele acredita que essa viabilidade será alcançada com o tempo, e a tecnologia desempenha um papel fundamental nesse processo de adequação.
“A transição para o uso de hidrogênio verde e outras fontes de energia renovável está ocorrendo em um ritmo impressionante, impulsionada não apenas pela preocupação ambiental, mas também pelos esforços das empresas em adotar práticas sustentáveis”.
Nesse contexto, a tecnologia permite avanços contínuos na eficiência e redução de custos dos dispositivos relacionados ao hidrogênio verde, como eletrolisadores, placas fotovoltaicas e turbinas eólicas.
Medidas estão sendo tomadas para aprimorar a eficiência dos processos relacionados ao motor a hidrogênio, consequentemente, os custos envolvidos serão reduzidos.
“Embora a produção de hidrogênio a um custo competitivo ainda seja um desafio, a pesquisa e o desenvolvimento estão progredindo rapidamente nessa área”, opina Medeiros.
Dessa forma, com o avanço contínuo da tecnologia, podemos esperar que a viabilidade econômica do motor a hidrogênio seja alcançada em um futuro próximo.
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