É consenso entre boa parte dos economistas que o pior da crise econômica que atingiu em cheio o Brasil nos últimos anos ficou para trás. Por isso, o momento agora, sobretudo para a indústria que representa uma fatia importante da economia brasileira, é de reflexão sobre as lições que ficaram. Afinal, as crises – inerentes aos sistemas capitalistas – sempre passam, mas também podem voltar. E, por isso, antecipar-se a elas para não sofrer com “turbulências” futuras faz parte de uma gestão inteligente, fundamental para a longevidade de qualquer empresa.
Quando analisamos os casos das indústrias que sobreviveram à última crise, por exemplo, podemos tirar delas algumas lições importantes, como as listadas a seguir. Confira:
1 – Exportações
As exportações foram a “tábua de salvação” que impediu muitas indústrias de afundar. Segundo José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), “até o fim de 2017, a previsão é que sejam exportados US$ 9 bilhões, o que equivalerá a 40% do faturamento do segmento”. Diante desses números, pode-se perceber a importância das exportações nos últimos anos para a sobrevivência da maioria das empresas do segmento industrial, dadas as oscilações do mercado interno.
Tomando o caso da empresa Romi como exemplo, podemos destacar que, em sua Unidade Máquinas, a receita operacional líquida ficou praticamente estável no segundo trimestre de 2017, em relação a 2016, o que demonstra o baixo nível de investimentos do mercado interno, enquanto as receitas do mercado externo “continuaram demonstrando solidez, com crescimento de cerca de 4% em dólares no primeiro semestre [em relação ao mesmo período de 2016]”, nas palavras da companhia.
Dito isso, vamos à próxima lição: o que é preciso para exportar?
Produto competitivo
Parece óbvio afirmar, mas é fundamental ter um produto competitivo internacionalmente. E por competitivo, entende-se qualidade, prazo de entrega (confiança) e preço.
Roberto Jaguaribe, presidente da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), é muito claro ao afirmar que “se um produto não for competitivo, não há como introduzi-lo no mercado internacional apenas com promoção comercial.”
Sem dúvida, nesse quesito, esbarramos no alto Custo Brasil que, já na largada, onera em 25% os nossos produtos em relação aos de outros países, mas a hora não é de divagar sobre o problema, cuja solução demoraria 30 anos, mas, sim, de achar meios de contorná-lo.
Incorporação tecnológica
Investir em tecnologia e P&D é uma forma de contribuir para a competitividade do produto nacional. O sucesso do setor agrícola é o melhor exemplo que podemos citar aqui. “A agricultura é uma exceção no Brasil. O seu avanço é estritamente vinculado à capacitação tecnológica e P&D”, comenta Jaguaribe.
O caso da Trumpf, fabricante de soluções nas áreas de máquinas-ferramenta, lasers e eletrônica, que tem nos setores automotivo e de máquinas agrícolas os seus principais compradores, exemplifica bem a relevância da incorporação tecnológica para manter-se competitivo.
De acordo com João C. Visetti, diretor-presidente da empresa, estes clientes (automotivo e agrícola) exigem cada vez mais equipamentos de alta tecnologia, produtividade e desempenho, agregados a soluções de conectividade. “Se a máquina não tiver soluções de automação e plataformas voltadas à integração dos processos no chão de fábrica, não vende”, resume.
2 – Controle da produtividade
Outra lição que a crise deixou foi a necessidade de controlar a produtividade, dado o enxugamento do quadro de funcionários, para o controle de custos. Mas como produzir a mesma quantidade (ou mais) com menos?
A resposta está no aumento da eficiência da utilização dos recursos já existentes na empresa, a exemplo de equipamentos, matérias-primas, estoques e mão de obra. Com estratégias desse tipo, é possível aumentar a produtividade do chão de fábrica, o que invariavelmente tem um impacto positivo sobre os lucros.
A verdade é que as crises nos tornam criativos e decisões tomadas sob esse tipo de pressão podem se revelar decisivas para a competitividade da sua marca no futuro.
3 – Mostrar que você está vivo
Nos últimos anos, muitas empresas fecharam. Portanto, é fundamental mostrar que a sua está viva.
Para isso, uma boa agenda de marketing é essencial. O mercado está faminto por boas notícias. Não deixe de divulgá-las. Mostre ao seu comprador que a sua empresa está ativa, crie uma onda de otimismo e contagie, inclusive, o seu concorrente. Todos ganham!
As feiras industriais também são grandes aliadas nesse sentido. Exponha a sua marca, não há maneira melhor de mostrar-se e divulgar o seu produto a tantos clientes em potencial simultaneamente. Afinal, a estratégia é investir para crescer.
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