Após a recessão promovida pela crise econômica nos últimos anos, uma das principais lições deixadas para os gestores das pequenas e médias indústrias que se veem, agora, diante de um horizonte de recuperação é a necessidade de reorganizar a “casa”, mantendo o controle das finanças em dia.
E o primeiro passo para gerenciar melhor as contas é dedicar um tempo especial para o planejamento e seguir à risca outras recomendações importantes listadas a seguir. Confira:
1. Faça seu plano de negócios
Ter um plano de negócios é fundamental, não apenas para a gestão financeira, mas também para reduzir as chances de imprevistos na administração. De acordo com Davi Jeronimo, consultor do Sebrae-SP, o plano de negócios “serve para que a indústria trabalhe o seu lado estrutural, ou seja, defina sua estratégia de marketing, o seu planejamento financeiro e a viabilidade do próprio negócio”.
Justamente por isso, o documento deve ter uma seção referente ao planejamento financeiro, com informações sobre o capital social (todos os recursos financeiros e de equipamentos), capital de giro e as demais fontes de recursos da empresa (recursos próprios, financiamentos, etc.), além dos custos fixos e uma projeção do faturamento mensal.
2. Avalie o uso de um ERP para a gestão financeira de sua indústria
Os ERPs (Enterprise Resource Planning) são sistemas de gestão empresarial que contam com diversos recursos capazes de facilitar a gestão das pequenas e médias indústrias. Eles proporcionam ao gestor uma compreensão precisa e aprofundada do seu negócio, tornando mais simples o controle de custos e a gestão de insumos, além de reduzirem as chances de desperdícios financeiros em toda a cadeia produtiva.
O modelo de assinatura mensal do sistema é bastante vantajoso para as pequenas empresas, uma vez que não demanda investimento inicial em infraestrutura e varia de acordo com o número de usuários que terão acesso ao ERP.
3. Não deixe de fazer seu fluxo de caixa
O fluxo de caixa é um dos itens mais importantes para a gestão financeira. É por meio dele que as entradas e saídas dos recursos são registradas, o que favorece a detecção de desperdícios, a redução inteligente de custos e a projeção do faturamento da indústria em diferentes cenários.
Vale lembrar,também, que é importante registrar, inclusive, os custos menos expressivos. Afinal, ao identificar como a verba está sendo aplicada, o industrial passa a ter mais chances de reduzir custos, sem diminuir a qualidade de entrega da sua indústria.
4. Não misture finanças pessoais e empresariais
Um erro comum da gestão financeira nas indústrias de menor porte é misturar finanças pessoais e empresariais no mesmo fluxo de caixa, comprometendo a análise do quadro real do negócio.
É fundamental que a indústria tenha uma conta bancária em nome da pessoa jurídica e que o dono do negócio possua uma conta particular comum para os seus gastos pessoais. Esta ação favorecerá o acompanhamento contínuo das finanças e a percepção de que a empresa está sendo, de fato, lucrativa.
Além disso, a prática tornará a avaliação do faturamento mais fácil, assim como otimizar a declaração do Imposto de Renda ou a busca por financiamento ou empréstimo, por exemplo.
5. Não deixe de calcular o ROI de seu negócio
Outra dica de gestão financeira, muitas vezes, negligenciada é o cálculo do ROI (Retorno sobre o Investimento) do negócio. Com este indicador, torna-se possível verificar com precisão como estão os lucros atuais da indústria e as projeções futuras de lucros, de acordo com os investimentos realizados.
6. Avalie muito bem sua situação antes de buscar um financiamento
A situação de crise e de instabilidade do mercado pode levar alguns gestores desprovidos de um planejamento mais robusto a procurarem crédito no mercado. Mas este pode ser um erro grave de gestão financeira.
Antes de tomar esta decisão, é preciso ter clareza sobre a real necessidade da indústria quanto ao crédito, identificando se ele realmente auxiliará a empresa ou se provocará uma dívida do tipo “bola-de-neve”. Se for o segundo caso, será necessário rever o plano estratégico, buscando opções para melhorar a geração de caixa da indústria.
Se, por exemplo, a ideia é buscar financiamento para a compra de maquinário, há outras alternativas. Hoje, já existe no Brasil um movimento de empresas ofertando máquinas e equipamentos como serviços. Um exemplo é a Peerdustry, uma startup que visualizou na ociosidade de alguns parques fabris a oportunidade de “locação” de máquinas para que outras empresas pudessem fazer sua produção, sem realizar altos investimentos.
Diante disso, vale a pena avaliar todas as opções disponíveis antes de contrair um empréstimo ou financiamento e encontrar a opção com melhor custo-benefício.
7. Não deixe de investir na sua empresa
De acordo com Ronaldo Alves, consultor do Sebrae-SP, o gestor precisa preparar a sua empresa para enfrentar, em breve, uma nova competição, que não será mais exercida somente por preços baixos ofertados por países como China ou Paquistão. Ele enfrentará a competitividade de países desenvolvidos, que possuem alta produtividade e qualidade e, agora, preços menores.
“O principal benefício para o empresário melhorar sua gestão financeira e começar a investir nas inovações da Indústria 4.0, no longo prazo, é manter vivo o seu negócio, pois sem produtividade, qualidade, velocidade de resposta e preços baixos, a indústria corre grande risco de sair do mercado”, alerta o especialista do Sebrae-SP.
Continue acompanhando o nosso canal de conteúdo para conferir outras dicas de gestão financeira para a sua indústria. Até a próxima!