A classificação de criticidade identifica a importância das máquinas na produção, com o objetivo de priorizar manutenções para evitar falhas nos equipamentos mais críticos e garantir um calendário de acompanhamento eficiente. Saiba mais!
Muitas vezes, os recursos do setor de manutenção de uma empresa, tanto em termos financeiros como envolvendo mão-de-obra e tempo, são limitados. Por esse motivo, a classificação de criticidade é fundamental para as indústrias.
Essa ferramenta expressa a importância das máquinas ou dos equipamentos dentro de um processo produtivo. Ou seja, o quanto um equipamento é indispensável no contexto operacional de um sistema produtivo.
O consultor e instrutor de treinamentos da Manutenção em Foco, Luis Carlos Cyrino, explica que, para compreender o conceito da classificação de criticidade, é preciso conhecer a classificação ABC.
“A curva ABC é um método que separa os itens de maior importância ou impacto, que são normalmente em menor número. Trata-se de classificação estatística de materiais, baseada no princípio de Pareto, o qual considera a importância dos materiais, baseada nas quantidades utilizadas e no seu valor”, esclarece.
Desse modo, esse sistema de curva ABC é muito utilizado para a administração de estoques e também para estabelecimentos de prioridades, de forma a classificar assertivamente máquinas e equipamentos conforme seu grau de importância para o setor produtivo.
O princípio de classificação ABC foi adaptado pelo JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance) na metodologia TPM para a priorização das máquinas e equipamentos e se constitui em um fator decisivo para a escolha de uma política de manutenção adequada, avaliação essa que determina o grau de criticidade das máquinas e equipamentos em relação ao processo produtivo específico do negócio.
O que é grau de criticidade
O grau de criticidade refere-se à medida ou avaliação do impacto que a falha de um equipamento pode ter sobre as operações de uma empresa. Essa avaliação considera diversos aspectos, como a função do equipamento dentro do processo produtivo, a frequência e o potencial de falhas, e os custos associados à sua reparação ou substituição.
Equipamentos classificados com alto grau de criticidade são aqueles cuja falha pode resultar em grandes perdas de produção, custos significativos de reparo ou impactos severos na segurança e no ambiente de trabalho, por exemplo.
A determinação do grau de criticidade permite que as empresas priorizem seus recursos de manutenção de maneira eficiente. Equipamentos críticos são frequentemente submetidos a manutenções preventivas mais rigorosas e planejadas com antecedência, enquanto equipamentos de menor criticidade podem ser monitorados de forma mais flexível.
Essa abordagem ajuda a otimizar o tempo de inatividade não planejado e a maximizar a disponibilidade operacional, alinhando-se melhor às metas de produção e aos objetivos de custo da organização.
Importância da criticidade
A importância da classificação de criticidade de equipamentos reside na capacidade de uma empresa em priorizar seus recursos de manutenção de maneira estratégica e eficiente. Ao entender quais máquinas são mais necessárias para a operação, é possível direcionar esforços para garantir a disponibilidade desses equipamentos e minimizar impactos negativos em caso de falhas.
Isso não apenas aumenta a confiabilidade operacional, mas também contribui para a redução de custos e a melhoria contínua da segurança no ambiente de trabalho.
Benefícios de realizar a classificação de criticidade de equipamentos
Algumas das principais vantagens que você pode garantir ao priorizar equipamentos e garantir o funcionamento operacional adequado são:
- Priorização de recursos: concentração de esforços em equipamentos mais críticos;
- Redução de tempo de inatividade: menor incidência de paradas não programadas;
- Melhoria da eficiência: manutenções preventivas mais eficazes e planejadas;
- Otimização de custos: redução de gastos com reparos emergenciais;
- Segurança aprimorada: menor risco de acidentes relacionados a falhas de equipamentos.
Compreenda como definir a criticidade das máquinas
No sistema ABC, cada letra representa uma classificação:
- Classe A: são máquinas e equipamentos com prioridade alta. Pode-se definir que, nesse caso, a atuação da manutenção deve ser, por exemplo, contemplar a preditiva e preventiva, análise das falhas, formação de grupos de melhoria, entre outros.
- Classe B: máquinas e equipamentos com prioridade média. Nesse caso, pode-se definir que a manutenção deva contemplar demanda preditiva, por exemplo.
- Classe C: máquinas e equipamentos com prioridade baixa. Pode-se definir que a atuação da manutenção deve focar em manutenção corretiva, preditiva e monitoramento das falhas para evitar recorrências.
Essa classificação se dará após uma análise da segurança e do meio ambiente, da qualidade do produto, da condição de operação e de entrega, do índice de paradas e da manutenibilidade.
Uma máquina com a classificação A, por exemplo, precisa ter sofrido parada e provocado algum tipo de acidente e mesmo ter contaminado o meio ambiente. Além disso, o tempo de utilização dela precisa ser acima de 90%, ou seja, um equipamento, de fato, fundamental para o trabalho da indústria em questão.
Tipos de criticidade
Há diferentes tipos de criticidade que podem ser aplicados na classificação de equipamentos dentro de uma empresa. Confira os principais deles a seguir!
Criticidade Funcional
Este tipo de criticidade está ligado à importância operacional de cada equipamento dentro do processo produtivo. Equipamentos essenciais para a continuidade da produção são priorizados, a fim de diminuir o risco de paradas não programadas e manter a eficiência operacional.
Criticidade Financeira
A avaliação de criticidade financeira leva em conta os impactos econômicos diretos e indiretos de uma possível falha. Isso inclui não apenas o custo do reparo ou substituição do equipamento, mas também os custos associados à perda de produção, retrabalho, e impactos sobre a lucratividade e competitividade da empresa.
Criticidade de Segurança
Equipamentos que representam um risco significativo para a segurança dos trabalhadores são classificados com alta criticidade de segurança. A priorização desses equipamentos na manutenção visa mitigar riscos de acidentes de trabalho para garantir um ambiente laboral mais seguro de acordo com as normas regulatórias.
Classificação de criticidade e o calendário das manutenções
O calendário pode ser afetado ao ser detectada a classificação de criticidade de máquinas e equipamentos.
“Quando a manutenção não tem a orientação de qual ativo priorizar nas suas estratégias de manutenção, pode-se acabar alocando recursos em máquinas menos prioritárias do que outras mais importantes”, comenta o consultor e instrutor da Manutenção em Foco.
Essa priorização por máquinas erradas pode afetar os resultados da industria, uma vez que não se tem uma sintonia entre as áreas de PCP (Planejamento e Controle de Produção), Produção e Manutenção. E essa interação, realizada de modo alinhado e estratégico, é fundamental para que os resultados sejam alcançados, tendo em vista que fazer algum tipo de intervenção em máquinas menos importantes pode significar um grande gasto sob um baixo retorno para a indústria.
Além de uma classificação de criticidade ausente ou equivocada, confira no material que preparamos outros erros que podem estar impedindo o aumento da produtividade de sua indústria.