Ao longo dos anos de 2020 e 2021, a falta de insumos na indústria metalmecânica para dar vazão à produção tornou-se um problema que não era presenciado pelos menos nos últimos 20 anos.
Com o início da pandemia, a indústria metalomecânica se viu obrigada a pausar sua produção para impedir a disseminação do coronavírus. Com a reabertura, a demanda por insumos na indústria metalmecânica voltou a aumentar bastante, elevando preços e diminuindo a oferta doméstica de insumos. Resultado: faltaram insumos!
Para enfrentar este período, algumas são as medidas que a indústria metalmecânica pode adotar de forma emergencial, pelo menos até que essa dificuldade se estabilize e volte aos patamares normais.
Principais causas da falta de insumos na indústria metalmecânica
A falta de insumos na indústria metalmecânica é um problema que afeta toda a cadeia produtiva em todo o mundo, tanto no aumento do custo de peças quanto na renda das fabricantes.
“O setor metalmecânico depende de muitos fornecedores e o aumento da demanda de produtos que estão em falta gera um incremento no custo significativo. O efeito cascata é muito perceptivo dentro do setor”, salienta Cláudio Moyses, diretor-presidente do IQA.
Segundo Fernando Santos, diretor de compras na Casale Equipamentos, a falta de insumos é decorrente de uma conjunção de fatores.
“O aquecimento inesperado do mercado pós-pandemia resultou no aumento da demanda maior que as capacidades instaladas. Houve também um aumento das exportações em função do dólar alto e consequente redução da oferta para o mercado nacional”, cita.
Outro fator que incide forte sobre esta questão são os altos custos que, somados à pandemia, resultaram no fechamento de muitas empresas fornecedoras, além, naturalmente, da falta de alternativas imediatas.
Consequências da falta de insumos na indústria metalmecânica
O desabastecimento de insumos atinge de forma ainda mais preocupante as empresas de pequeno e médio porte do Brasil, principalmente porque as indústrias de grande porte fazem programações de prazos maiores junto às usinas e, assim, são priorizadas por elas nas entregas dos insumos.
Dessa forma, a falta de insumos apresenta diversas consequências negativas para o setor metalmecânico “A falta de insumos resulta em paradas não programadas das linhas de produção, compra a custos elevados e não cumprimento dos prazos de entregas de produtos acabados aos clientes. A consequência disso tudo é o aperto no caixa por conta do não faturamento em função do não cumprimento dos prazos”, salienta Santos.
Mas, além destas consequências, a tendência é que os clientes fiquem insatisfeitos, prejudicando toda a cadeia produtiva e gerando estresse elevado entre os gestores e colaboradores da empresa.
Não bastasse isso, a falta de matéria-prima e de insumos para a indústria leva até mesmo à recusa de alguns pedidos.
Dicas para que gestores consigam enfrentar essa dificuldade
A crise da falta de insumos representa um problema que vem afetando a indústria metalmecânica desde o início da pandemia. Segundo Cláudio Moyses, isso está sendo resolvido aos poucos, de acordo com o aumento no número dos vacinados e a recuperação da economia. “A expectativa é que o setor deve ir se retomando os antigos patamares já em 2022”, indica.
Mas, diante desta encruzilhada, algumas ações emergenciais para o atual momento são recomendadas, como a programação de compra de insumos com período mais alongado. “Isso ajudaria na preparação inicial dos processos e antecipação dos desafios relacionados à falta de insumos para as atividades industriais”, salienta.
Além disso, são outras ações emergenciais:
- Os controles internos devem ser intensificados visando antecipar os problemas;
- Os componentes devem ser padronizados;
- Fontes alternativas de fornecimento devem ser desenvolvidas, ou seja, ponderar a diversificação dos fornecedores de matéria-prima;
- Ponderar a possibilidade de recorrer ao mercado internacional e; por fim,
- Engajar as áreas no apoio à manufatura.
Sendo assim, mesmo representando um sério problema, a falta de matéria-prima e insumos na indústria metalmecânica e demais segmentos serviu de lição para que as empresas se adaptassem à situação, evitando a concentração de suas cadeias produtivas.