Compreender a importância dos indicadores ESG na indústria é o primeiro passo para gestores que buscam manter a competitividade em um mercado globalizado. Não se trata apenas de uma demanda de marketing, mas de uma exigência direta de investidores e grandes players da cadeia de suprimentos.

Segundo dados de 2025 da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 90% das indústrias já realizam ações de redução de resíduos e 84% otimizam o consumo energético, provando que a sustentabilidade já está consolidada no chão de fábrica.

No entanto, o cenário regulatório está se tornando mais rigoroso. Gleriani Torres, especialista no tema, alerta sobre a urgência dessa adequação: “Quem ainda não definiu a sua matriz tem que se apressar, tendo em vista a dupla materialidade que passa a valer a partir de 2025 para diversas empresas”.

A dupla materialidade exige que a indústria olhe em duas direções: o impacto da empresa no meio ambiente e na sociedade, e como as mudanças climáticas e sociais impactam financeiramente o negócio. Para o setor metalmecânico, isso significa que ignorar esses dados é assumir um risco financeiro iminente.

Qual o papel estratégico do ESG na indústria?

O ESG (Environmental, Social and Governance) deixou de ser uma pauta acessória para se tornar central na estratégia de produção. A importância do ESG para as empresas reside na capacidade de transformar dados em eficiência.

Uma fábrica que monitora seus resíduos e consumo energético não está apenas sendo “verde”; está reduzindo custos operacionais e aumentando sua margem de lucro.

Além disso, os indicadores funcionam como um diagnóstico preciso da saúde fabril. Conforme explica a especialista Gleriani Torres: “Indicadores são instrumentos de gestão… além de servirem para reporte, eles cumprem um papel estratégico de revelar: detalhes operacionais; gaps; oportunidades de melhorias. Eles atuam no ponto de vista ambiental, social, de governança e também econômico”.

Na prática da indústria metalmecânica, esses gaps mencionados podem ser vazamentos invisíveis em linhas de ar comprimido, excesso de scrap (sucata) em processos de corte ou ineficiência térmica em fornos de tratamento. Identificar isso através de métricas é fazer gestão inteligente.

Saiba mais: O que é governança ambiental e por que ela importa para a indústria?

Eficiência energética e gestão de resíduos como pilar ambiental

Para o gestor industrial, o pilar ambiental deve ser traduzido em indicadores ambientais e métricas sustentáveis na indústria que sejam mensuráveis e controláveis. O foco é produzir mais com menos recursos.

Os principais pontos de atenção incluem:

  • Intensidade energética: monitorar o kWh por tonelada produzida. Reduzir esse número impacta diretamente o custo do produto final.
  • Gestão de resíduos: controle rigoroso da geração de sucatas metálicas, destinação correta de óleos de corte solúveis e lodos de galvanoplastia, visando a economia circular.
  • Emissões atmosféricas: inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) nos Escopos 1 e 2, essencial para fundições e empresas com processos de tratamento térmico intensivo.

Veja também: Como implementar indicadores ESG para a indústria metalmecânica?

Segurança e capital humano como pilar social

O “S” do ESG na indústria metalmecânica é sinônimo de segurança operacional e qualificação técnica. Máquinas modernas exigem operadores capacitados e um ambiente que mitigue riscos físicos e químicos.

Métricas essenciais para o monitoramento:

  • Saúde e Segurança Ocupacional (SSO): acompanhamento das Taxas de Frequência e Gravidade de acidentes, com meta de “Zero Acidentes”.
  • Ambiente de trabalho: monitoramento contínuo de ruído, estresse térmico e exposição a fumos metálicos (soldagem).
  • Retenção e treinamento: indicadores de horas de treinamento técnico por colaborador e índices de rotatividade (turnover), garantindo a retenção do conhecimento técnico dentro da fábrica.

Confira: O papel da liderança na implementação de ações ESG 

Gestão de riscos e compliance como pilar de governança

A governança garante que a empresa sobreviverá a longo prazo, protegendo-a de escândalos, multas e interrupções na cadeia de fornecimento. Em um cenário de incertezas climáticas e econômicas, a gestão de riscos é vital.

Gleriani reforça que a proatividade é o melhor caminho: “Não temos todas as respostas, mas aqueles que têm suas políticas de ESG bem implementadas e tomam ações de mitigação, por exemplo, estão colaborando para a construção das soluções. Essas empresas participam das soluções e não apenas do problema”.

Para fortalecer a governança, as indústrias devem focar em:

  • Rastreabilidade da cadeia: saber a origem do minério, do aço ou dos componentes, garantindo que não haja violações de direitos humanos ou ambientais na origem.
  • Transparência: elaboração de relatórios ESG na indústria metalmecânica que sejam auditáveis e sigam padrões internacionais.

Entenda: Digitalização é essencial para ESG na indústria

Ferramentas e relatórios para implementar os indicadores ESG na indústria

Para quem busca implementar ou aprimorar essa gestão, o processo passa pela definição da materialidade, uso de tecnologia e validação externa. Ferramentas de monitoramento ESG, como sensores IoT para medição de energia em tempo real e softwares de gestão de resíduos, eliminam erros manuais e garantem a confiabilidade dos dados.

Muitas empresas buscam também certificações ESG para fábricas, como a ISO 14001 (Ambiental) e a ISO 45001 (Saúde e Segurança), para atestar seus processos. Os indicadores de sustentabilidade servem justamente para medir a aderência a essas normas.

Sobre a forma de apresentar esses dados ao mercado, Gleriani orienta: “Esse reporte tem que apresentar compromissos e uma evolução contínua. Além disso, evidenciar um contexto amigável entre os requisitos regulatórios e as estratégias organizacionais”.

Indicadores ESG na indústria como diferencial competitivo

Ao final, empresas que dominam seus indicadores acessam linhas de crédito com juros menores (financiamentos verdes) e garantem seus contratos com grandes montadoras e multinacionais, que exigem altos padrões de seus fornecedores.

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