A discussão sobre a falta de insumos na indústria metalmecânica migrou da escassez física (cenário da pandemia de COVID) para um complexo desafio de custo, competitividade e previsibilidade. Em 2025, o gestor do setor não enfrenta mais a paralisação por ausência de matéria-prima; ele luta para manter a rentabilidade diante de uma volatilidade extrema de preços e da pressão da concorrência internacional.
O problema central não é a disponibilidade, mas sim o custo de aquisição e a viabilidade da produção nacional.
Este cenário é moldado por três vetores principais que pressionam o supply chain do setor:
- A Pressão da importação (Aço): O setor de aço, pilar da indústria metalmecânica, enfrenta um desequilíbrio severo. Dados do Instituto Aço Brasil apontam que as importações de aço cresceram 27,5% no início de 2025 (comparado ao mesmo período de 2024). A entrada maciça de produtos asiáticos a preços subsidiados impacta diretamente a competitividade da cadeia nacional, distorcendo os custos de toda a estrutura produtiva.
- O Custo do dinheiro e câmbio: A “falta de insumo” também é uma “falta de capital de giro” para adquiri-lo. A Sondagem Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria) do final de 2024 é clara: os problemas logísticos e a falta física não afetam mais a competitividade, mas sim a elevada carga tributária (apontada por 30,6%) e a taxa de câmbio (preocupação para 29,3%). O câmbio volátil encarece insumos importados essenciais e desequilibra o planejamento.
- Demanda interna enfraquecida: Como resultado direto dessa pressão de custos e competição, a demanda por máquinas e equipamentos no mercado doméstico sofre. Dados recentes da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), de outubro de 2025, registraram uma retração de 13,2% nas vendas do mercado interno em comparação com o ano anterior.
Portanto, o desafio atual da gestão de insumos na indústria metalmecânica é menos sobre “encontrar” e mais sobre “como comprar” e “como competir”. Para enfrentar este período, as estratégias emergenciais do passado dão lugar à necessidade de uma gestão de supply chain robusta, defesa comercial e otimização máxima de custos.

Quais são as principais causas da falta de insumos na indústria metalmecânica?
A falta de insumos na indústria metalmecânica é um problema que afeta toda a cadeia produtiva em todo o mundo, tanto no aumento do custo de peças quanto na renda das fabricantes, podendo provocar a interrupção da produção.
“O setor metalmecânico depende de muitos fornecedores e a alta da demanda de produtos que estão em falta gera um incremento no custo significativo. O efeito cascata é muito perceptivo dentro do setor”, salienta Cláudio Moyses, diretor-presidente do IQA.
Segundo Fernando Santos, diretor de compras na Casale Equipamentos, a falta de insumos é decorrente de uma conjunção de fatores.
“O aquecimento inesperado do mercado pós-pandemia resultou no aumento da demanda maior que as capacidades instaladas. Houve também um aumento das exportações em função do dólar alto e consequente redução da oferta para o mercado nacional”, cita.
Outro fator que incide forte sobre esta questão são os altos custos que, somados à pandemia, resultaram no fechamento de muitas empresas fornecedoras, além, naturalmente, da falta de alternativas imediatas.
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Quais são as consequências da falta de insumos na indústria metalmecânica?
O desabastecimento de insumos atinge de forma ainda mais preocupante as empresas de pequeno e médio porte do Brasil, principalmente porque as indústrias de grande porte fazem programações de prazos maiores junto às usinas e, assim, são priorizadas por elas nas entregas dos insumos.
Dessa forma, a falta de insumos apresenta diversas consequências negativas para o setor metalmecânico “A falta de insumos resulta em paradas não programadas das linhas de produção, compra a custos elevados e não cumprimento dos prazos de entregas de produtos acabados aos clientes. A consequência disso tudo é o aperto no caixa por conta do não faturamento em função do não cumprimento dos prazos”, salienta Santos.
Mas, além destas consequências, a tendência é que os clientes fiquem insatisfeitos, prejudicando toda a cadeia produtiva e gerando estresse elevado entre os gestores e colaboradores da empresa.
Não bastasse isso, a falta de matéria-prima e de insumos para a indústria leva até mesmo à recusa de alguns pedidos.
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Como lidar com a falta de insumos na indústria metalmecânica?
Diante desta encruzilhada, algumas ações emergenciais para o atual momento são recomendadas, como a programação de compra de insumos com período mais alongado. “Isso ajudaria na preparação inicial dos processos e antecipação dos desafios relacionados à falta de insumos para as atividades industriais”, salienta.
Além disso, são outras ações emergenciais:
| Medida | Descrição |
|---|---|
| Intensificação dos controles internos | Refinar o acompanhamento operacional para identificar falhas e riscos antes que impactem a produção. |
| Padronização dos componentes | Uniformizar insumos e peças para simplificar compras, reduzir custos e facilitar substituições. |
| Desenvolvimento de fontes alternativas | Buscar novos fornecedores para reduzir a dependência e assegurar continuidade da produção. |
| Avaliação do mercado internacional | Analisar a viabilidade de adquirir insumos de outros países para ampliar competitividade e disponibilidade. |
| Engajamento das áreas internas | Mobilizar todos os departamentos para apoiar a manufatura e garantir respostas rápidas a imprevistos. |
Sendo assim, mesmo representando um sério problema, a falta de matéria-prima e insumos na indústria metalmecânica e demais segmentos serviu de lição para que as empresas se adaptassem à situação, evitando a concentração de suas cadeias produtivas.
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