A competitividade na indústria tem um significado principal: trata-se de fazer sempre mais, buscando os melhores recursos – também, usando aqueles que tem em mãos. Ela é primordial para os avanços no setor e o desenvolvimento do país.
Essa simples definição, no entanto, guarda uma enorme quantidade de informações valiosas. A competitividade é o acelerador, o principal motivador para a expansão dos negócios. É preciso inovar.

O que é competitividade industrial?
Para se ter uma ideia do que estamos falando, nos Estados Unidos, após a Segunda Guerra, a sociedade e as empresas não viam grande importância na competitividade, sendo, então, definida como “sociedade descartável” (no português direto, sociedade além). O mundo era fortemente governado pelo consumismo.
No entanto, uma revolução veio silenciosamente do Oriente: o sistema Toyota de produção. Destruído pela guerra, o Japão passou a identificar as oportunidades nos desperdícios, a reduzir o tempo de troca de ferramentas, diminuir os estoques e implementar o controle estatístico de processos.
O mesmo país também começou a lançar práticas de gerenciamento visual e a lembrar os trabalhadores que, além de braços, eles possuíam cérebros para resolver e gerenciar problemas.
Nesse sentido, o Japão tornou-se um grande desafio para os Estados Unidos, nos anos 70. A produção enxuta trouxe alta qualidade e baixo custo, ameaçando a produção americana.
Após algumas décadas, os japoneses consideraram a importância da adoção do termo Toyota Thinking System – ou seja, cérebros pensantes e pensamentos estruturados criaram uma organização para o desperdício e voltada para a produtividade.
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O que é capacidade competitiva?
A partir da história, podemos concluir que competitividade é a mesma capacidade eficaz de competir e conquistar determinado mercado e/ou público a partir de habilidades, conceitos, análises, sistemas eficazes e gestão de pessoas eficiente.
O objetivo é produzir com qualidade, desenvolver um bom investimento em tecnologia e recursos humanos, entre outros fatores, alcançando os melhores resultados.
A competitividade pode ser medida pela participação da indústria no mercado, a lucratividade, a segurança no trabalho (menos acidentes), a produtividade, a qualidade, entre outros indicadores.
Em suma, é a capacidade de se destacar e prosperar em um ambiente em que a competição é cada vez mais acirrada.

Qual é o papel da inovação na competitividade no mercado industrial?
A inovação transcende o conceito de mera novidade; ela é a ferramenta estratégica que permite à indústria metal-mecânica reverter a comoditização e estabelecer uma vantagem competitiva sustentável. No cenário globalizado, onde as diferenças de custo de mão de obra se estreitam e a tecnologia se difunde rapidamente, inovar é a chave para se diferenciar.
Isso se manifesta não apenas na criação de novos produtos (mais leves, resistentes ou customizados), mas, crucialmente, na inovação de processos. A adesão à Indústria 4.0, com tecnologias como IoT, Big Data e automação robótica, permite às empresas otimizar o chão de fábrica, elevar a produtividade por colaborador e reduzir drasticamente os índices de desperdício e retrabalho.
Para o gestor, o foco em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) significa ir além da simples compra de equipamentos. É criar uma cultura de melhoria contínua, capacitar equipes para operar e interpretar dados de novas tecnologias, e buscar a excelência operacional.
Empresas que integram a inovação em seu DNA conseguem não apenas cortar custos, mas também gerar um valor percebido superior para o cliente, oferecendo soluções mais ágeis, personalizadas e com maior qualidade intrínseca. Em suma, a inovação garante que a empresa se mantenha relevante, adaptável às mudanças do mercado e preparada para ser a protagonista do futuro industrial.
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Quais são os 4 elementos para a competitividade na indústria?
Na indústria metal-mecânica, onde a margem de erro é mínima e a demanda por customização é crescente, a competitividade se apoia em quatro pilares fundamentais: Qualidade, Custo, Tempo e Inovação (ou Tecnologia).
A Qualidade não se restringe à ausência de defeitos, mas à capacidade de atender consistentemente às especificações e à precisão exigida, garantindo a performance do produto final e a satisfação do cliente. O Custo, por sua vez, exige uma gestão enxuta, redução de desperdícios e otimização de processos para oferecer preços atraentes sem sacrificar a margem.
O fator Tempo abrange a agilidade na resposta ao mercado, desde o lead time (tempo de atravessamento) de produção até a entrega final, sendo crucial para a confiança e fidelização.
Por fim, a Inovação e a Tecnologia são o motor da diferenciação: a adoção de máquinas CNC, automação, e o foco em Indústria 4.0 permitem criar produtos mais complexos e eficientes, redefinindo os padrões de mercado e garantindo uma vantagem competitiva sustentável a longo prazo.
Um gestor que equilibra e investe estrategicamente nesses quatro elementos está apto a prosperar em um cenário industrial dinâmico e globalizado.
Como alcançar a competitividade na indústria?
Segundo Mauro Andreassa, professor de pós-graduação do Instituto Mauá de Tecnologia, para alcançar a competitividade, a indústria precisa ter um estudo detalhado de tempos e métodos.
“Pode parecer antigo e fora de moda, mas não sabemos o tempo de ciclo das máquinas, por exemplo, além do tempo de movimentos de operadores, etc, voltamos à era das cavernas.”
Isso porque não é possível ter competitividade na indústria sem produtividade. Para o professor, é essencial que as máquinas estejam em plena capacidade de produção.
“Não é possível ser produtivo com máquinas paradas. Indicadores como MTBF e MTTR (tempo médio entre falhas e tempo médio de reparo, respectivamente) são fundamentais para saber empregar o dinheiro e o tempo nas manutenções preventivas e preditivas.”
Outro caminho para a competitividade, de acordo com Mauro, é o treinamento das equipes com relação aos desperdícios. É preciso observar e buscar as oportunidades.
“Quando o pensamento oriental diz observar é realmente monitorar atentamente uma máquina, uma operação, um operador e buscar as oportunidades nos mínimos detalhes”. Ou seja, fazer um mapeamento da cadeia de valor atual e futura é uma ótima maneira de se estruturar os planos de melhoria e se conquistar a competitividade.
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Como os padrões podem aumentar a competitividade na indústria?
Mauro destaca que é preciso criar padrões e fazer toda a organização orbitar neles. Toda proposta de melhoria e experimentada deve ter tais padrões como o norte. “Sem padrões operacionais a indústria poderá saber se está melhor ou pior do que ontem e perante a concorrência”.
Outro ponto importante é a qualidade. Em busca de manter vantagem competitiva, a indústria não pode aceitar nada sem qualidade e, muito menos, produzir sem ela.
Mauro Andreassa frisa que essa é, a propósito, uma responsabilidade de toda a empresa, e não apenas do departamento de controle da qualidade.
“O fluxo de produção deve ser contínuo e cadenciado pelos pedidos reais dos clientes. É preciso ainda cuidar do chão de fábrica, verificando se tudo está sendo utilizado de fato, além da organização, limpeza e bem-estar da equipe.”
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