A implementação do Automated Guide Vehicle na indústria (AGV) deixou de ser uma tendência futurista para se tornar uma necessidade estratégica em fábricas que buscam eficiência operacional.

Com o mercado global de robótica móvel projetado para crescer exponencialmente nos próximos anos, segundo dados da International Federation of Robotics (IFR), entender essa tecnologia é o primeiro passo para a modernização da intralogística. Saiba mais!

Entendendo a função dos AGVs na logística industrial

Os AGVs, ou Veículos Guiados Automaticamente, são robôs autoportantes que se movem sem condutor a bordo, utilizados para transportar materiais em ambientes industriais. Mas reduzir sua função apenas ao transporte é um erro. Eles atuam como o “sistema circulatório” da fábrica, garantindo fluxo contínuo e previsibilidade.

A aplicação desses robôs na logística visa otimizar o fluxo de materiais, desde o recebimento de matéria-prima até a expedição. Diferente de esteiras fixas, eles oferecem flexibilidade para layouts dinâmicos.

Segundo Samuel Luiz Bim, Gerente de Engenharia da Selettra, a visão sobre esses equipamentos deve ir além do transporte simples. “Os custos de implantação são muito reduzidos e, de fato, não só a logística é atendida, mas também o contexto produtivo, tendo em vista que os veículos podem tornar-se a linha de produção de montagem”, explica o especialista.

Da navegação magnética aos robôs autônomos

A evolução dos AGVs acompanhou a própria história da automação. Os primeiros modelos eram rígidos, seguindo trilhos físicos ou fios enterrados no chão. Qualquer mudança no layout da fábrica exigia obras civis e paradas na produção.

Hoje, com a Indústria 4.0, vivemos a era da navegação inteligente. Sensores avançados e softwares de gestão permitem que esses veículos operem em ambientes complexos, interagindo com portas automáticas, elevadores e sistemas de gestão (ERP/WMS) em tempo real.

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Como os AGVs são guiados por tecnologias de navegação?

Para quem busca entender quais são as principais tecnologias presentes em um veículo guiado automaticamente, é essencial olhar para o sistema de navegação. É ele que define a flexibilidade e o custo da infraestrutura do projeto.

Guiamento por infraestrutura

Este é o método mais tradicional e conhecido. O AGV segue uma rota física pré-determinada, que pode ser uma fita magnética colada ao chão, fios indutivos ou faixas coloridas (óptico).

É uma solução robusta e de menor complexidade tecnológica, ideal para processos onde as rotas raramente mudam. No entanto, sua desvantagem é a rigidez: alterar o caminho do robô exige intervenção física no piso da fábrica.

Navegação a Laser e SLAM

Modelos mais modernos utilizam a navegação a laser (LGV). O veículo possui um scanner rotativo que “lê” refletores instalados nas paredes e pilares, triangulando sua posição exata.

Avançando ainda mais, temos o SLAM (Simultaneous Localization and Mapping). Aqui, o robô constrói o mapa do ambiente em tempo real enquanto navega, sem necessidade de refletores ou fitas. Essa tecnologia oferece a máxima flexibilidade operacional.

Sensores e prevenção de acidentes

A segurança é o pilar central dos AGVs. Sensores de segurança (scanners a laser) criam “campos de proteção” ao redor do veículo. Se uma pessoa ou objeto entra nesse campo, o AGV reduz a velocidade ou para imediatamente.

A substituição de empilhadeiras manuais por AGVs reduz drasticamente os acidentes laborais. Como destaca Samuel Luiz Bim: “Quando o AGV é aplicado, esse risco vai a, praticamente, zero”. Isso elimina o erro humano e a fadiga, causas comuns de colisões em armazéns.

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AGV vs. AMR: qual a diferença e como escolher para a sua indústria?

Uma dúvida comum entre gestores é a diferença entre AGV e AMR (Autonomous Mobile Robot). Embora ambos movam cargas, a “inteligência” de navegação é distinta.

Enquanto o AGV obedece a uma rota fixa (como um trem no trilho), o AMR navega de forma autônoma (como um carro com GPS e Waze), podendo desviar de obstáculos e recalcular rotas sozinho.

Confira a tabela comparativa para facilitar a decisão:

Característica AGV (Automated Guided Vehicle) AMR (Autonomous Mobile Robot)
Navegação Segue rotas físicas ou virtuais pré-definidas. Navegação livre, mapeia o ambiente (SLAM).
Obstáculos Para e espera o obstáculo sair. Desvia e busca rota alternativa.
Flexibilidade Média/Baixa (mudanças exigem reconfiguração). Alta (mudanças via software/mapa).
Ideal para Fluxos repetitivos, alto volume, rotas estáveis. Ambientes dinâmicos, fluxo variável, interação humana.

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Aplicações dos AGVs industriais em diferentes setores

A versatilidade dos veículos autônomos industriais permite sua aplicação em diversos nichos, indo muito além do simples transporte de paletes em centros de distribuição.

Linhas de montagem e transporte entre células

Na manufatura, os AGVs são usados para abastecimento de linhas (kitting) e transporte de produtos em processo (WIP – Work in Progress) entre células de produção. Isso garante que o material chegue no momento exato (Just-in-Time), reduzindo estoques intermediários no chão de fábrica.

Caso de uso: robôs AGV para linha de montagem

Um exemplo prático de eficiência são os robôs AGV para linha de montagem. Neste setor, o transporte de grandes painéis de MDF ou madeira maciça é ergonometricamente perigoso para operadores e propenso a danos no material.

A KUKA Roboter, por exemplo, possui cases globais onde plataformas móveis omnidirecionais transportam peças pesadas entre estações de corte e colagem de borda. O AGV sincroniza sua velocidade com a esteira, permitindo a montagem de móveis em fluxo contínuo, reduzindo avarias e aumentando a segurança ergonômica.

Logística interna e armazéns

Em centros logísticos, os AGVs integram-se ao WMS para automatizar o armazenamento e a retirada de cargas. Eles podem operar em corredores estreitos e em alturas elevadas, otimizando o espaço vertical do armazém e operando 24/7 sem interrupções.

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Custos de investimento e manutenção dos AGVs industriais

A análise financeira é decisiva. Muitos gestores se assustam com o investimento inicial, mas esquecem de calcular o TCO (Custo Total de Propriedade).

Quanto custa um AGV para fábrica?

Ao avaliar o custo de um AGV para fábrica, deve-se considerar o CAPEX (investimento em bens de capital) versus o OPEX (despesas operacionais). O CAPEX inicial envolve a compra do robô, software e instalação.

No entanto, o OPEX do AGV é significativamente menor que o de equipamentos manuais. A redução de custos trabalhistas, a eliminação de danos a mercadorias e a operação contínua geram um ROI atrativo, geralmente pago entre 18 a 36 meses, dependendo da aplicação.

AGV vs. transporte interno convencional

Na comparação AGV vs transporte interno convencional (como empilhadeiras manuais), o convencional possui custos “ocultos”: salários, encargos, férias, absenteísmo, combustível/baterias, manutenção corretiva frequente e custos de acidentes.

O AGV oferece previsibilidade orçamentária. Ele não entra de férias, não se cansa e opera em turnos sucessivos com eficiência constante.

Pontos de atenção da manutenção de AGVs industriais

Para garantir essa longevidade, a manutenção de AGVs industriais deve ser rigorosa. O foco muda da mecânica pesada para a eletrônica e software.

Os principais pontos incluem: monitoramento da saúde das baterias (hoje, muitas de Lítio com carga rápida), limpeza dos sensores ópticos/laser e calibração do sistema de navegação. Um plano de manutenção preventiva bem executado garante disponibilidade da frota acima de 98%.

Entenda: Inteligência artificial na automação industrial: IA e da machine learning no setor

Como integrar os AGVs industriais com a Indústria 4.0?

O AGV é um dispositivo IoT (Internet das Coisas). Para extrair seu valor máximo, ele deve estar conectado. A integração com sistemas ERP e MES permite que o robô receba ordens de produção automaticamente.

Por exemplo: quando uma máquina finaliza um lote, ela “chama” o AGV automaticamente para buscar o material, sem intervenção humana. Isso gera dados valiosos sobre tempos de ciclo e gargalos logísticos.

Saiba mais: IoT na projeção financeira: como tecnologia ajuda na gestão de indústrias?

Como escolher um fornecedor de AGVs industriais?

Selecionar bons fornecedores de AGV industriais é tão importante quanto escolher a tecnologia. No Brasil, é crucial verificar se a empresa oferece suporte técnico local e peças de reposição rápidas.

Checklist para escolha do fornecedor Descrição
Casos de sucesso Possui projetos comprovados no seu setor, demonstrando experiência prática?
Software de gestão de frota Oferece sistema amigável, intuitivo e integrável com ERP/MES?
Customização do projeto Disponibiliza equipe de engenharia para adaptar o sistema às necessidades da sua fábrica?
Treinamento Garante capacitação da equipe interna para operação e manutenção?

O futuro da indústria com veículos autônomos

O futuro aponta para enxames de robôs (swarm intelligence) colaborando entre si e com humanos. As tecnologias 5G e 6G irão permitir latência quase zero, tornando a reação dos AGVs instantânea.

Adotar o Automated Guide Vehicle na indústria não é apenas comprar um robô, é mudar a mentalidade produtiva para um modelo mais inteligente, seguro e eficiente.

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