A implantação de painéis solares em indústrias metalmecânicas tornou-se uma estratégia financeira robusta para empresas conectadas em alta tensão (Grupo A), onde a tarifa de energia pressiona o custo operacional tanto quanto a matéria-prima e a folha de pagamento.
Segundo dados recentes da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), a energia solar já ultrapassou a marca de 40 GW de potência instalada no Brasil em 2024, com grande participação do setor produtivo.
Isso ocorre porque a previsibilidade de custos e a independência energética protegem a fábrica das oscilações das bandeiras tarifárias e inflação energética.

Quais são os custos com energia na produção da indústria metalmecânica?
A indústria metalmecânica possui um perfil de consumo energético distinto, caracterizado por picos de demanda elevados. Equipamentos essenciais como fornos de indução, máquinas de corte a laser, robôs de soldagem e centros de usinagem CNC exigem uma potência constante e confiável, o que eleva consideravelmente a conta de luz.
Além do consumo em kWh, muitas fábricas sofrem com multas por ultrapassagem de demanda contratada ou baixo fator de potência.
O custo de energia na indústria metalúrgica impacta diretamente a precificação final das peças, reduzindo a margem de lucro em contratos competitivos, especialmente aqueles de fornecimento contínuo para montadoras ou setor de óleo e gás.
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Quais são os custos ao investir em painéis solares em indústrias metalmecânicas?
Embora o investimento inicial (CAPEX) em um sistema fotovoltaico industrial possa parecer alto à primeira vista, ele deve ser analisado sob a ótica da transformação de custo variável em ativo fixo. Ao adquirir a usina solar, a indústria “congela” o preço da energia que irá consumir pelos próximos 25 anos.
Como calcular o payback no setor industrial?
O cálculo de retorno sobre o investimento (ROI) na indústria é mais atrativo do que no setor residencial devido ao volume de consumo. A lógica é simples: divide-se o valor do investimento total pela economia mensal gerada na conta de energia.

Em média, projetos industriais bem dimensionados apresentam um payback entre 4 e 6 anos. Considerando a vida útil dos equipamentos superior a 25 anos, a empresa usufrui de quase duas décadas de energia praticamente gratuita após o período de retorno. Para isso funcionar com sucesso, é importante ter uma boa gestão de custos.
Incentivos fiscais e financiamento
O cenário atual favorece a aquisição de tecnologia limpa. Existem linhas de crédito específicas para financiamento solar para empresas, muitas vezes com carência que permite pagar a parcela do financiamento com a própria economia gerada na conta de luz.
Além disso, a depreciação acelerada de bens de capital e incentivos regionais de ICMS podem melhorar ainda mais a viabilidade financeira.
A Lei 14.300 (Marco Legal da Geração Distribuída) trouxe segurança jurídica, permitindo que a indústria injete o excedente na rede e use os créditos para abater o consumo em momentos sem sol ou em outras filiais (autoconsumo remoto).

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Especificidades técnicas dos painéis solares em indústrias metalmecânicas
Não se trata apenas de instalar módulos no telhado; o ambiente industrial exige robustez. A presença de fuligem, vapores de óleo e poeira metálica exige equipamentos com grau de proteção elevado e tecnologia que minimize perdas por sombreamento parcial ou sujeira.
Dimensionamento: On-Grid vs. Off-Grid na indústria
Para a realidade fabril, o sistema fotovoltaico industrial predominante é o On-Grid (conectado à rede). Sistemas Off-Grid (com baterias) encarecem drasticamente o projeto e são recomendados apenas para backup de sistemas críticos ou áreas isoladas.
No modelo On-Grid, a rede da concessionária funciona como uma “bateria virtual”. Durante o dia, a fábrica consome a energia gerada instantaneamente; se sobrar, injeta na rede. À noite, utiliza a energia da concessionária, abatendo esse custo com os créditos gerados.
Raio-X do consumo:
| O perfil de carga da indústria metalmecânica “casa” perfeitamente com a geração solar. O horário de maior produção da fábrica (turnos diurnos) coincide com o pico de geração dos painéis (10h às 14h), maximizando o consumo imediato e evitando taxas sobre a injeção de energia na rede. |
A importância das estruturas metálicas e telhados
Um ponto de atenção crucial é a análise estrutural dos galpões. Módulos fotovoltaicos e estruturas de fixação adicionam uma carga de aproximadamente 12 a 14 kg/m² ao telhado.
Como especialistas no setor, sabemos que estruturas metálicas industriais são projetadas com coeficientes de segurança. No entanto, é obrigatório um laudo técnico para validar se o telhado suporta esse peso extra, especialmente em vãos livres grandes, comuns em áreas de estocagem e produção.
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Normas técnicas da implantação de painéis solares em indústrias metalmecânicas
A segurança operacional é inegociável. A instalação deve seguir rigorosamente as regulações para evitar riscos de incêndio ou acidentes elétricos que paralisem a produção.
Regras da ANEEL e Normas ABNT
O projeto deve ser homologado junto à concessionária seguindo as resoluções da ANEEL e o Marco Legal da GD. Tecnicamente, as normas NBR 16690 (Instalações elétricas de arranjos fotovoltaicos) e NBR 5419 (Proteção contra descargas atmosféricas) são as bíblias do setor.
Além disso, a equipe de instalação deve possuir certificações NR-10 (Segurança em Instalações Elétricas) e NR-35 (Trabalho em Altura). Exija essas certificações do fornecedor para garantir o compliance da sua operação.

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Como fazer a instalação e manutenção de painéis solares na indústria?
A implantação de um sistema de grande porte não deve interferir na rotina produtiva da fábrica. O planejamento deve prever içamentos e passagens de cabos em horários de menor movimento ou fins de semana.
Passo a passo da implantação segura
Para garantir uma instalação eficiente e segura, o processo deve seguir etapas bem definidas:
| Etapa | Descrição |
|---|---|
| Análise de Viabilidade Técnica | Avaliação da conta de luz, carga instalada e condições estruturais do telhado para instalação fotovoltaica. |
| Projeto de Engenharia | Elaboração do arranjo dos módulos, diagrama unifilar e dimensionamento dos inversores. |
| Homologação | Envio do pedido de parecer de acesso junto à concessionária de energia. |
| Instalação Física | Montagem das estruturas, instalação dos módulos fotovoltaicos e inversores. |
| Comissionamento | Realização de testes de segurança, qualidade e desempenho antes da ativação do sistema. |
| Troca do Medidor | A concessionária instala o medidor bidirecional para registrar consumo e créditos de energia. |
Monitoramento e limpeza dos módulos
A manutenção é baixa, mas necessária. A eficiência energética na indústria depende de painéis limpos. Em ambientes metalúrgicos, a deposição de partículas é maior, exigindo limpezas periódicas (semestrais ou trimestrais).
O monitoramento é feito via software, integrado à gestão da Indústria 4.0. Se um inversor apresentar falha, o gestor é avisado em tempo real no smartphone, evitando perdas financeiras silenciosas.
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Como os painéis solares promovem a competitividade na indústria?
Além da redução de custos, a energia solar posiciona a marca dentro das práticas ESG. Grandes players automotivos e exportadores já exigem de seus fornecedores planos claros de descarbonização.
Ao reduzir a pegada de carbono, evitando a emissão de toneladas de CO2 na atmosfera, a indústria metalmecânica ganha pontuação em processos de qualificação de fornecedores e atrai investidores que priorizam a economia verde.
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Energia solar como o futuro da indústria
A transição energética não tem volta. Com a demanda global por produtos com menor impacto ambiental, a indústria que gera a própria energia garante soberania, previsibilidade de caixa e alinhamento com o futuro da manufatura avançada. Investir em energia solar é investir na longevidade e na saúde financeira da sua planta industrial.
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